Ministro defende o consumo da carne de porco

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse hoje, em entrevista coletiva, que é prematuro avaliar possíveis vantagens comerciais para o Brasil após o registro de casos de gripe suína em vários países. “É muito difícil responder agora até onde isso pode ser uma vantagem comercial para o Brasil”, afirmou. De acordo com ele, as exportações brasileiras de carne suína aumentaram 18% no período de janeiro a abril na comparação com o mesmo período de 2008. “Estamos em pleno avanço de exportação da carne suína”, avaliou. De acordo com ele, até o momento só existem boatos a respeito de possíveis embargos à carne brasileira. “Não há nada definitivo”, resumiu.

Stephanes indicou que as reações do mercado ao surto da doença podem estar desequilibradas. “Por enquanto, qualquer reação é uma reação muito nervosa, muito emocional”, afirmou. Ele engrossou o coro dos que defendem o consumo da carne de porco, alegando que não há possibilidade de contaminação aos seres humanos com a ingestão do alimento e afirmou que, por enquanto, o ministério não detectou qualquer mudança no consumo da carne de porco. “Precisamos aguardar um pouco, acompanhar a evolução da gripe pelo mundo e medir as reações que o consumidor terá”, disse.

Esta é a primeira vez que o ministro se pronuncia a respeito do assunto – ontem acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Acre, para fechar um acordo bilateral com o Peru, e na véspera estava em Curitiba, defendendo mudanças no Código Florestal Brasileiro. “Já recebi todas as informações da Embrapa, que participa de realização de testes em parceria com os Estados Unidos, sobre que tipo de vacina pode criar uma reação”, relatou.

A preocupação do ministério, de acordo com Stephanes, é a de que se crie a ideia de que comer carne de porco faz mal. Ele afirmou que, se houver uma crise de confiança em relação ao consumo do produto até a próxima semana convidará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para almoçar carne suína em um restaurante ou preparar um porco no rolete. “Com certeza vamos fazer isso se tivermos uma crise de confiança na carne, mas por enquanto não tem.”

Comunicado internacional

O Brasil enviará, a partir de amanhã, um comunicado internacional reforçando que o País não registrou até o momento nenhum caso de gripe suína. “Estamos preparando um documento para Rússia e outros mercados dizendo que o Brasil tem condições sanitárias, não tem essa doença e que temos todas as condições de manter mercado sem risco para compradores. O documento deve estar pronto amanhã”, afirmou Stephanes.

A ideia, de acordo com o ministro, é encaminhar o documento para autoridades de vários países, começando-se pela Rússia pelo fato de ser o maior importador do produto. “A Rússia é um grande mercado e é o principal cliente do Brasil”, argumentou. Pelos dados do ministério, as exportações totais de carne suína em 2008 atingiram a marca de 467,548 mil toneladas, das quais 220,244 mil toneladas foram vendidas àquele país. “A Rússia importa quase 50% da carne suína que nós exportamos”, contabilizou. Na sequencia, estão Hong Kong e Ucrânia.

Para ele, este pode ser o momento de até ampliar, eventualmente, a atuação brasileira nesse setor, já que a Rússia está fechando o mercado para outros países por meio de importadores privados. “Amanhã vamos conversar. Por enquanto estamos dando um tempinho. É mais uma troca de ideias”, explicou, acrescentando que, até o momento o Brasil não recebeu qualquer comunicação de embargo comercial de nenhum país.

De acordo com Stephanes, outro potencial cliente é a China, que deve anunciar sua decisão final a respeito da aquisição de carne bovina brasileira, segundo ele, daqui a três ou quatro meses. “Temos seguido em todas as indicações sanitárias e isso nos tem dado uma situação confortável. Hoje não há razão para interromper o comércio”, declarou.