Ministro confirma que fez empréstimos a ex-governador tucano

Brasília – Motivado por uma ?longa amizade?, o ministro das Relações Institucionais, o mineiro Walfrido dos Mares Guia, pagou uma dívida de campanha do ex-governador de Minas Gerais e atual senador, Eduardo Azeredo (PSDB). Mares Guia não só ajudou, em 2002, o amigo e correligionário a quitar sua dívida com o coordenador financeiro da campanha de 1998, como até hoje não cobrou de Azeredo o dinheiro.

A existência de um empréstimo de R$ 511 mil foi divulgada pela imprensa, em reportagens que sustentam que a despesa não foi lançada na prestação de contas da campanha, caracterizando caixa 2. A assessoria de imprensa do ministro não confirmou valores, nem se a despesa foi registrada ou não.

Em 2005, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios havia investigado a ligação entre Mares Guia e Azeredo na campanha de 1998. A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) também apuraram a questão. O inquérito policial aberto para, inicialmente, investigar a utilização das empresas do publicitário Marcos Valério de Souza no esquema denominado ?mensalão? – que irrigou os cofres do Partido dos Trabalhadores (PT) com os recursos repassados a outros partidos e políticos da base aliada -, acabou por revelar a ligação entre Valério e a estrutura de campanha de Azeredo, no que vem sendo chamado de ?mensalão mineiro?.

Segundo a assessoria do ministro, quatro anos após ter perdido a disputa à reeleição, Azeredo recorreu à ajuda de Mares Guia para saldar uma dívida apresentada pelo coordenador financeiro da campanha de 1998, Cláudio Roberto Mourão, que ameaçava cobrar na Justiça. De acordo com a imprensa, a dívida era de R$ 700 mil. Além de amigo, Mares Guia havia sido vice-governador durante a gestão de Azeredo (95-98).

A assessoria de Mares Guia confirma a versão. Em nota à imprensa, afirma que, para ajudar o amigo a quitar a dívida, o ministro fez um empréstimo em nome da empresa Samos Participações. O dinheiro teria sido depositado na conta indicada ao ministro, com o objetivo de saldar a dívida de Azeredo. Criada em 2002, a Samos é uma holding da Biobrás, indústria fabricante de insulina de propriedade de Mares Guia e vendida no mesmo ano para a empresa Novo Nordisk.

Ainda segundo a nota, no último dia 17, Mares Guia determinou uma auditoria em todos os seus negócios. A auditoria está sendo feita pela Price Waterhouse, e o ministro garante que vai apresentar os dados à Receita Federal e à Justiça.

Procurada pela reportagem, a assessoria do senador Azeredo diz que ele vai aguardar pela decisão do procurador-geral antes de voltar a se manifestar sobre o assunto.

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