Ministro aponta causa de acidente em Alcântara

Brasília – Uma seqüência de “falhas latentes” que se acumularam durante 15 anos levou à maior tragédia da história do programa espacial brasileiro. A conclusão é do relatório sobre a explosão do veículo brasileiro para lançamento de satélites VLS-1, que matou 21 técnicos na base de Alcântara, no Maranhão, em agosto de 2003.

A causa direta do acidente – a origem da descarga que acionou prematuramente o foguete – permanece desconhecida e continuará sendo investigada. Mas já se sabe que a adoção de pelo menos uma medida de segurança a mais -a blindagem de fios – teria evitado a explosão.

Ao apresentar o relatório da investigação sobre a explosão do VLS-1, o ministro da Defesa, José Viegas, confirmou que um dos quatro motores foi acionado ocasionalmente por um dos detonadores. Os técnicos acreditam que uma descarga eletrostática tenha acionado o detonador, mas ainda não se sabe precisamente a origem da descarga. Para isso, será formada nova comissão de investigação.

O relatório confirma que os fios que levam energia aos detonadores não estavam blindados e que por isso estavam sujeitos a um acionamento eventual. “Ficou comprovado que a falta de blindagem dos fios torcidos da linha de fogo que leva energia aos detonadores dos propulsores do primeiro estágio os torna passíveis de sofrer indução eletrostática”, disse o ministro.

O relatório mostra que havia fragilidade operacional na base e que faltava gerenciamento de risco. Segundo Viegas, a prova disso é o fato de 20 pessoas trabalharem ao mesmo tempo em áreas diferentes do VLS, quando o máximo permitido é de seis pessoas. Isso aumenta o risco de um esbarrão que pode produzir descarga eletrostática por causa dos choques dos corpos com o metal.

Segundo o ministro, não foi apontada nenhuma “falha ativa”, ou seja, um erro humano ou sabotagem, mas o relatório mostra que houve uma seqüência de “falhas latentes” que podem ter levado ao acidente. Viegas disse que não adianta buscar culpados pelo acidente, que matou 21 pessoas em agosto do ano passado, e que todos devem assumir sua parcela de culpa. O ministro disse ainda que a demora na conclusão dos projetos e a escassez de recursos humanos e materiais fragilizaram a operação na base e criaram as condições para o desastre. “Temos problemas se acumulando há 15 anos”, afirmou.

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