Brasília

  – O Ministério Público Eleitoral enviou ontem ao Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) pedido de cassação do governador reeleito Joaquim Roriz e do ex-secretário de Assuntos Fundiários, Odilon Aires. Na representação, o procurador eleitoral Franklin Costa acusa o governador e seu ex-secretário de cometerem abuso do poder econômico com a doação de lotes de terra e a distribuição de certificados prometendo regularizar terrenos localizados em áreas de propriedade da União.

O Ministério Público também levanta suspeitas sobre o envolvimento de órgãos do Governo do Distrito Federal na fabricação das urnas eletrônicas falsas que foram apreendidas durante o período eleitoral. A suspeita do MP foi reforçada com a revelação de que conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal atestam a ligação de dirigentes de órgãos públicos do DF na distribuição das urnas usadas para treinar os eleitores a votar em Roriz e candidatos ligados a ele.

Peritos que tiveram acesso a parte da gravações confirmaram ao GLOBO que o deputado distrital eleito Pedro Passos aparece em uma conversa solicitando os simuladores de votação eletrônica. Na conversa, Passos, que é acusado de envolvimento com grilagem de terras, pede cerca de 20 simuladores para treinar eleitores. Na gravação obtida pela PF, Passos trata da entrega dos simuladores com um assessor de Durval Barbosa Rodrigues, presidente da Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan).

As gravações ainda estão em poder de promotores que atuam na Justiça comum do DF e investigam a grilagem de terras. Os promotores estudam como vão viabilizar juridicamente a transferência das gravações, que tramitam em segredo de justiça, para o Ministério Público Eleitoral.

O procurador Franklin Costa anexou à representação cópias de cartas enviadas a eleitores por Odilon Aires, que se candidatou a deputado distrital. Na correspondência, Aires informa que ele e Roriz foram os responsáveis pela doação de lotes da Terracap, empresa controlada pelo GDF. O mesmo Aires assinou certidões que foram distribuídas entre julho e setembro deste ano. Os documentos eram promessas de regularização de lotes que o Ministério Público diz estarem localizados em áreas públicas de propriedade da União.

– Houve abuso de poder econômico e de autoridade para captação de votos – disse o procurador.

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