Brasília e São Paulo – O Ministério Público Federal já tem indícios suficientes para pedir a prisão preventiva de Paulo Maluf, segundo um promotor paulista que trabalhou no caso.
Esse promotor, que pediu para não ter seu nome revelado, disse que os novos documentos recebidos pelos procuradores, confirmando que Maluf era o beneficiário das contas da empresa Blue Diamond, depois transformada em Red Ruby, aberta nas Ilhas Cayman, são provas do envolvimento do ex-prefeito em desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro.Ele admitiu que o MP tem a intenção de ingressar com uma ação civil pública por improbidade administrativa. No caso de ingresso da ação, será pedida a devolução aos cofres públicos da quantia usada de maneira irregular e eventual perda dos direitos políticos. E explicou, entretanto, que somente a ação não impedirá que Maluf concorra a qualquer cargo público antes de uma condenação. Ele é pré-candidato à Prefeitura de São Paulo nas próximas eleições.
Acordo
O governo brasileiro poderá iniciar, a partir de amanhã (dia 12), processos para repatriar dinheiro desviado para a Suíça, considerado um dos países preferidos para a evasão de recursos ilegais. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, vai assinar um acordo histórico em Berna, permitindo que autoridades suíças tomem depoimento de eventuais suspeitos, brasileiros ou suíços, citados em investigações realizadas no Brasil, o que não é previsto atualmente. Da mesma forma, autoridades policiais brasileiras poderão tomar depoimentos de suíços suspeitos que estão no País.
O acordo entre brasileiros e suíços é o primeiro a ser assinado por um país da América do Sul, e pode ser um passo importante para se chegar a outros convênios com paraísos fiscais, para onde é enviada grande parte dos recursos desviados do Brasil.
Recentemente, mesmo sem o tratado de cooperação, os ministérios Públicos Estadual e Federal de São Paulo conseguiram rastrear supostas contas bancárias do ex-prefeito Paulo Maluf (PP) existentes em bancos suíços. As autoridades locais enviaram ao Ministério da Justiça todos os documentos existentes sobre o fato, possibilitando a continuidade das investigações de procuradores paulistas.
PP
O presidente do PP, Pedro Corrêa, confirmou que a executiva do partido se reunirá na quarta-feira para analisar o pedido de afastamento do ex-prefeito Paulo Maluf dos quadros do partido. Segundo Corrêa, o pedido de afastamento foi feito pelo líder do partido na Câmara, Pedro Henry (MT), e pelo deputado Celso Russomano (SP).
“Não sou eu quem está pedindo, são duas pessoas do meu partido”, disse o presidente do PP, opinando que Maluf deveria se afastar voluntariamente, inclusive para se defender das acusações de desvio de dinheiro público. O afastamento inviabilizaria a candidatura de Maluf nas eleições municipais deste ano, já que ele ficaria sem partido.
Maluf, que esteve sábado (dia 8) em um encontro do Partido Progressista (PP) em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, voltou a negar que tenha conta em bancos no exterior.