A investigação do Ministério Público sobre o suposto esquema de cobrança de dinheiro de candidatos do Prona deverá se estender à empresa do presidente nacional do partido, Enéas Carneiro. O principal objetivo da promotoria é identificar o fluxo de entrada e saída de recursos da Livraria e Editora Enéas Carneiro Ltda.
Segundo declarações de Enéas, ?colaborações? em dinheiro realizadas por pessoas que adquiriram ?cartilhas de doutrinação? – produzidas pelo próprio deputado eleito com 1,57 milhão de votos -, eram depositadas em uma conta da empresa. Parte desse valor era repassada, depois, para uma conta pessoal de Enéas.
Eventuais ?aportes? foram efetuados em favor da campanha de Enéas. Se o presidente do Prona não tomar a iniciativa de liberar os livros de balanço contábil, o Ministério Público pretende requisitar os papéis oficialmente. A promotoria quer rastrear a origem dos recursos e datas dos depósitos.
Hoje, a Promotoria de Justiça da Cidadania decidiu requisitar da direção do Prona uma cópia do procedimento da candidatura do comerciante Jorge Roberto Leite, suposta vítima do esquema que teria sido montado no diretório regional, em São Paulo. Ele gravou duas conversas com a vereadora Havanir Nimtz, eleita deputada estadual com 681,9 mil votos – recorde na história do Legislativo paulista. Havanir solicitou R$ 5 mil de Leite para registrar a candidatura. O comerciante teve 776 votos e não se elegeu. ?Em troca do dinheiro, recebi 500 cartilhas?, contou Leite. ?Que crime há em vender cartilhas??, rebate Enéas.
O promotor Túlio Tadeu Tavares, que conduz inquérito civil sobre improbidade administrativa, enviou ofício à Procuradoria Regional Eleitoral solicitando informações sobre providências adotadas. Ele deu prazo de 10 dias ao Prona para que forneça cópia do estatuto do partido. Tavares quer saber se o estatuto prevê arrecadação de valores por meio da venda de cartilhas ou outros itens.
Depois de reunir os documentos, o promotor vai ouvir os denunciantes e Havanir. Outras duas pessoas revelam que a vereadora teria exigido dinheiro. Ernane Pastore, presidente da Associação dos Motoboys, afirma que Havanir pediu R$ 5 mil. Ele decidiu não se candidatar.