O promotor Alfonso Presti acredita que acusações feitas por um dos acusados de furto de duas telas no Museu de Arte de São Paulo (Masp), em depoimento, podem ter como objetivo deslocar o foco do crime. O chef de cozinha Moisés de Lima Sobrinho, de 25 anos, preso por envolvimento no furto, em 20 de dezembro de 2007 acusou o presidente do museu, o arquiteto Julio Neves, de ser o mandante do crime.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que, em depoimento prestado à Justiça no dia 29 de abril, Sobrinho declarou que um cúmplice, a quem chama de Alexandre, vulgo ?Negrinho?, teria lhe contado sobre o acordo com Neves. Procurado pela reportagem, o arquiteto afirmou que não se pronunciaria sobre o caso, por se tratar da ?acusação de um bandido?.
?Esse tal Negrinho, que o interrogando (Sobrinho) não sabe mais dados, disse que os quadros tinham sido especificamente encomendados pela direção do museu, pelo senhor Júlio Neves, para que fossem levados para fora do País, para Israel?, escreveu o juiz Marcello Ovídio Lopes Guimarães, no depoimento de Sobrinho.
O chef afirmou não saber o que Neves ganharia com o crime, mas revelou que ?acreditava que (ele, Sobrinho) iria ganhar 20% do valor da venda? e que ?esses 20% seriam divididos entre todos os furtadores?. As telas roubadas – O Lavrador de Café, de Cândido Portinari, e O Retrato de Suzanne Bloch, de Pablo Picasso – são avaliadas em R$ 100 milhões. Os outros três acusados do crime – Francisco de Lima, Alexsandro da Silva e Robson Jordão – também prestaram depoimento no mesmo dia.
