São Paulo
– O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse no seu pronunciamento que será exclusivamente dele a tarefa de formar o governo e anunciar os seus ministros. Ele destacou que não cederá a pressões para divulgar nomes e que quer provar para ele mesmo que será possível anunciar o seu ministério sem que a imprensa noticie antes os fatos que envolvem a formação de governo. No momento em que ainda falava sobre o ministério e sobre a responsabilidade dos seus futuros ministros, Lula dirigiu-se à coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns.“Eu sei o time que tenho de montar e sei da responsabilidade de cada ministro ou ministra, dona Zilda, porque não serão peças de enfeite no meu governo. Terão vez e voz”, disse. Lula também afirmou que um projeto contra a fome precisa ser aperfeiçoado, em uma resposta indireta às críticas que vêm sendo feitas. Segundo ele, nenhum projeto é definitivo, porque pode evoluir à medida que as discussões acontecem.
Ao repetir que ele não tem direito de errar, Lula também envolveu os seus interlocutores na mesma responsabilidade. “Estou convencido de que eu não tenho o direito de errar, mas agora quero compartilhar isso com vocês e dizer que nós não temos o direito de errar”, afirmou, sob aplausos. A coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, defendeu no encontro com Lula o aproveitamento de programas bem-sucedidos que foram implementados pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. “Um bom administrador deve aproveitar os programas que deram resultados”, disse ela.
O encontro foi pontuado pelo discurso do consenso em torno de propostas que beneficiem a sociedade, principalmente das reformas e da garantia do não-corporativismo entre os participantes. No entanto, os representantes das categorias volta e meia defenderam ou expuseram questões relativas a seus setores. A reunião agrupou cerca de 150 pessoas, entre elas boa parte do PIB nacional, e líderes do movimento trabalhista. “Parece um aeroporto cheio de Boeings”, resumiu Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna.
Entre participantes estavam Benjamin Steinbruch, da Vale do Rio Doce, Abílio Diniz, do grupo Pão de Açúcar, Miguel Jorge, do banco Santander, Jorge Gerdau, do grupo Gerdau, Abram Szajman, da Federação do Comércio de São Paulo, Eugênio Staub, da Gradiente, Manuel Félix Cintra Neto, presidente da BM&F, Raymundo Magliano, da Bovespa, Luís Fernando Furlan, da Sadia, Gabriel Ferreira, da Febraban, além dos sindicalistas João Felício, da CUT, Paulinho, presidente da Força Sindical, Luiz Marinho, dos Metalúrgicos do ABC, e Manoel de Serra, da Contag.