Brasília – O Ministério da Saúde lançou nesta terça-feira (23) um guia com recomendações para o tratamento de pacientes com aids. Elaborado pelo Programa Nacional de DST/Aids, o manual é destinado a médicos infectologistas, clínicos gerais, psicólogos e enfermeiros, entre outros profissionais.

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Segundo o infectologista Orival Silveira, coordenador do programa, o manual traz dicas para tornar o tratamento da aids mais humano. ?O guia está completo e aborda a atenção integral. Isto é, vê o paciente como um todo e não apenas como o portador de um vírus?, explica.

Intitulado Guia de Recomendações para Terapia Anti-Retroviral de Adultos e Adolescentes Infectados pelo HIV, o manual, salienta Silveira, está baseado em evidências científicas que tornam os profissionais de saúde menos suscetíveis às pressões de determinados setores.

Em relação aos medicamentos, o guia adotou a classificação elaborada pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, que divide os remédios em cinco níveis conforme a credibilidade científica, definindo os de nível 1 como os mais testados. ?Isso elimina conflitos de interesses. Existe uma pressão da indústria farmacêutica que mostra resultados tendenciosos em relação ao poder determinados medicamentos?, afirma Silveira.

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A abordagem ao portador de HIV também é destaque no guia, que traz um capítulo dedicado à primeira consulta com o paciente. Nessa ocasião, o ministério recomenda ao médico a levar em conta, nos exames iniciais, fatores como a profissão, o horário de trabalho e o uso de álcool e de drogas. ?O uso de álcool, maconha, ecstasy não era abordado, ou era abordado muito superficialmente?, ressalta Silveira.

De acordo com o infectologista, o comportamento do paciente determina, por exemplo, se ele interromperá o tratamento aos fins de semana, o que leva ao aumento da resistência do HIV no organismo infectado. ?O mais importante é garantir a adesão do paciente. Porque se ele deixa de tomar o medicamento sistematicamente aos sábados e domingos, um tratamento que poderia funcionar durante dez anos pode ser encurtado para dois? explica.

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Distribuído desde 1994, o guia foi lançado durante o 15º Congresso Brasileiro de Infectologia, em Curitiba (PR).