Brasília
– O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, começa a definir a montagem de seu governo a partir da próxima semana. Esta foi uma das decisões anunciadas na reunião de ontem, no encontro do conselho político do novo governo. Lula passou o recado de que todos que o apoiaram “vão participar do governo”, anunciou o deputado Luiz Antonio de Medeiros (PL-SP). Mas não haverá pressões por cargos. “Quem tem a vice-presidência, não tem pouco”, disse ele, referindo-se ao vice-presidente eleito José Alencar (PL). “Mas quem ajuda a eleger, ajuda a governar.”Segundo o representante do PDT no encontro, deputado Vivaldo Barbosa (RJ), Lula já tem uma base de 211 deputados na Câmara, contando com os partidos que o apoiaram na campanha. Mas mesmo assim está longe da maioria que precisa para governar. “Não acredito que Lula deva construir uma maioria no Congresso da forma deturpada como foi feito pelo presidente Fernando Henrique Cardoso”, disse Barbosa. “Ele (Lula) quer ter um diálogo constante com o Congresso e contará com o apoio da sociedade para negociar pontualmente seus projetos. Acho um grande erro armar uma base em troca de barganha, como foi feito pelo atual governo”, afirmou o deputado, que declarou apoio “incondicional” do PDT ao presidente eleito.
Lula, inclusive, deve começar a dialogar com os partidos que não o apoiaram na campanha daqui a uma semana. “O presidente eleito pretende visitar outros partidos, que não fazem parte deste grupo que o apoiou na sua candidatura, ele vai procurar todos os partidos brasileiros”, disse o porta voz do presidente eleito. André Singer. “As conversas devem acontecer em torno da semana que vem, mas não existe uma agenda. É um compromisso do presidente eleito de governar por meio do diálogo.”
Ao posar para fotógrafos ao lado dos dirigentes dos partidos aliados, Lula foi questionado por um repórter se pretendia trazer mais legendas para sua base de apoio. “O necessário”, respondeu. O deputado Medeiros acredita que o PL deve se transformar “na estaca de Lula no Congresso”, nos “tempos bons e ruins”, mas que o presidente eleito deve, a partir de agora, ampliar seu leque de alianças. “A negociação com o PMDB é necessária e essa engenharia está sendo feita por José Dirceu”, afirmou o deputado. “Lula tem de pensar na governabilidade, porque todos saem ganhando.”