Brasília – Por 272 votos a 172, o governo manteve em R$ 260 o valor do salário mínimo a partir de 1.º de maio, derrubando o relatório do deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ) que tentava reajustar o mínimo para R$ 275. Com isso, a matéria segue para promulgação. O painel da Câmara registrou 448 presenças, maior do que na votação anterior, que foi de 439. Na primeira votação na Câmara, o governo venceu com vantagem de 99 votos. Desta vez, a diferença foi de 100 votos. No Senado, no entanto, perdera por 13 votos.
A medida provisória do salário-mínimo de R$ 260 vai agora para promulgação do presidente da Mesa-Diretora do Congresso, o senador José Sarney. Ela só seguiria para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se os deputados aprovassem o mínimo de R$ 275, como o Senado fez na semana passada.
O clima no plenário foi agitado durante toda a manhã, com discussões pontuais entre deputados favoráveis e contrários ao valor de R$ 275. Para os favoráveis ao valor de R$ 275, os principais argumentos apresentados foram o aumento da arrecadação tributária e o cumprimento de promessa de campanha do presidente Lula de dobrar o valor. Os que defenderam o valor de R$ 260 argumentaram que os R$ 15 a mais produziriam grande impacto nas contas da Previdência Social e dos municípios.
Os deputados de oposição cantaram o trecho do samba eternizado por Beth Carvalho (“você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”) e acusaram o PT de mentir para o povo na campanha eleitoral. A estratégia da oposição era tentar mostrar que a votação seria diferente da outra em que tinha sido aprovado pelos deputados o valor de R$ 260. “A votação de hoje é diferente da outra, porque a nossa proposta era de aumento de R$ 15. Hoje, se a nossa proposta for derrotada, estaremos tirando do trabalhador R$ 15”, disse Rodrigo Maia.
O deputado Walter Feldman (PSDB-SP) levou folhetos da Força Sindical para o plenário com o pedido de que os parlamentares votassem “sim” para o mínimo de R$ 275 aprovado no Senado. O texto informava que painéis instalados na Praça da Sé, no centro de São Paulo, e em outras capitais, permitiriam à população acompanhar em tempo real os votos nominais na Câmara. Conforme acordo fechado com as lideranças oposicionistas, a votação foi nominal. Todos os deputados federais foram orientados a registrar presença em plenário assim que chegassem à Câmara, a fim de assegurar logo o quórum. Pouco depois das 11h30, havia mais de 400 deputados no plenário, número superior aos 257 necessários.