O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou hoje que “não foi nenhum erro”, mas não quis comentar o atraso de quase nove meses na aplicação de uma multa de R$ 3 milhões ao Grupo Bertin S/A, uma das maiores redes de frigoríficos do País. O grupo teria salvo a Operação Boi Pirata de um final constrangedor ao arrematar, em 2008, após o fracasso de três leilões, 3.100 bois apreendidos por Minc em área desmatada. Segundo reportagem publicada ontem em O Estado de S. Paulo, a multa contra o frigorífico só saiu da gaveta quando a denúncia de que teria sido “negociada” começou a circular em Brasília. “O pregão eletrônico foi organizado pela Conab, que é do Ministério da Agricultura. Quem fala sobre isso é o Ibama. Está tudo certo”, declarou o ministro.
Antes, em discurso no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, Minc fez uma referência indireta ao anúncio de que poderá ser convocado pela Comissão de Agricultura da Câmara para prestar esclarecimentos sobre o caso Bertin. “Quero dar um recado para todos aqueles que acham que, com gritaria, ameaça e convocação, vão nos desviar do nosso papel de proteger a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica. Não vamos nos desviar um centímetro. Quem quiser bater, pede senha. A luta é a defesa do Brasil. Não vão destruir a Amazônia.”
A nota oficial divulgada esta tarde pelo Ibama afirmava que a aplicação de multa resulta em processo administrativo “em que o direito de defesa do autuado é respeitado, e só então é executada a cobrança”. Em relação à suspeita de que o atraso na execução da multa tivesse resultado de uma negociação por ter o frigorífico comprado os bois que outras empresas se recusavam a adquirir, a nota oficial lembra que o leilão do gado não foi realizado pelo Ministério do Meio Ambiente, ao qual é subordinado o Ibama, e sim pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Ministério da Agricultura.
