Brasília – Depois de pelo menos duas rodadas polêmicas de negociação com representantes da indústria automobilística e de combustíveis, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, levará na quarta-feira ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) uma proposta de nova resolução para regulamentar a porcentagem de enxofre no diesel brasileiro.
A Resolução 315 do Conama, assinada em 2002, impõe um limite de 50 partes por milhão (ppm) de enxofre para o diesel (S50) e deveria entrar em vigor em janeiro de 2009. Atualmente, a concentração no diesel brasileiro é de 500 ppm nas regiões metropolitanas e de 2.000 ppm nas áreas rurais. Na Europa, essa concentração é de 10 ppm e nos Estados Unidos, 15 ppm.
A proposta de Minc é reduzir a concentração para 10 ppm de enxofre, o chamado diesel S10, já em 2012 e não a partir de 2016. A solução seria uma forma de compensar o não-cumprimento da Resolução 315 no início de 2009.
O Ministério do Meio Ambiente, no entanto, argumenta que a proposta de Minc “não altera, em absoluto”, a atual resolução do Conama. Pela proposta, a partir de 2009, as empresas só poderão fabricar ônibus e caminhões se cumprirem as exigências da legislação, ou seja, com motores adaptados ao diesel menos poluente. “O possível descumprimento da Resolução Conama 315 por parte das indústrias será resolvido no âmbito do Ministério Público ou do Poder Judiciário”, informou o ministério em nota técnica.
Um dos representantes da sociedade civil na discussão, o presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e um dos idealizadores do Movimento Nossa São Paulo, Oded Grajew, espera que o ministro mantenha efetivamente o posicionamento de não aceitar mudanças ou adiamento da resolução. “Espero que ele [Minc] não esmoreça, porque com essa posição vai ter que peitar o governo e a Petrobras”, disse Grajew. Ele argumenta que a indústria automobilística tem tecnologia disponível para fabricar motores que usem o novo diesel e que a Petrobras pode importar o combustível menos poluente para abastecer o mercado em janeiro do próximo ano. “Falta vontade política.”