O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, comemorou os números do desmatamento, divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O corte de árvores somou 7 mil quilômetros quadrados entre agosto de 2008 e julho de 2009. Este índice é o menor dos últimos 21 anos, segundo Gilberto Câmara, diretor do Inpe.
Na avaliação de Minc, o resultado foi obtido de forma agressiva. “Desmatamento de 7 mil quilômetros quadrados é um quarto do que tínhamos há cinco anos. Mas isso foi obtido na pancada”, disse, citando que ele chegou a receber título de “persona non grata” de prefeitura, que foi necessário desarmar pistoleiros e fechar madeireiras.
Minc disse que é preciso oferecer alternativa aos povos da região amazônica, reconheceu que as ações de desmatamento não acabam com o fim do corte de florestas, mas também resolvem outros crimes considerados comuns. O ministro defendeu a aprovação ainda este ano do pagamento para as pessoas que preservarem o solo nativo.
Cenário político
Minc defendeu também a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e procurou mostrar que está em paz com dois de seus desafetos políticos: o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, e o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.
Segundo ele, a imprensa vem noticiando que a ministra se “vestiu de verde” agora que é possível candidata à presidência da República. O ministro afirmou, no entanto, que a colega foi uma das primeiras a auxiliá-lo em questões ambientais quando chegou ao ministério. “Penso que, se o presidente Lula escolheu a ministra Dilma para chefiar a missão a Copenhague, ele quer dizer que todo o governo vestiu a camisa do desenvolvimento sustentável”, disse.
Em relação à Maggi, Minc ironizou as afirmações de que eles teriam se tornado “amiguinhos” pelo fato de o ministro ter apoiado o projeto Mato Grosso Legal. “Agora dizem que sou amiguinho dele. Mas olhem os números”, disse apontando para um quadro que mostra que o desmatamento no Estado foi reduzido de 3,2 mil quilômetros quadrados para mil quilômetros quadrados, do período 2007/2008 para o período 2008/2009. Minc admitiu, porém, que a primeira afirmação que fez em relação ao governador foi a de que, se ele pudesse, plantaria soja até nos Andes.
O ministro do Meio Ambiente também disse, durante seu discurso, que trazia um recado de Stephanes de que a agricultura colaboraria com a preservação do meio ambiente, entre outras coisas, com o plantio direto e a integração lavoura-pecuária. “O ministro Reinhold – esse é outro com quem andei brigando -, quem diria, me pediu para passar esse recado”, comentou.
Minc afirmou que o Brasil terá uma postura agressiva no seminário internacional sobre mudança de clima, que será realizado em dezembro, em Copenhague, Dinamarca. “Não vamos nos esconder atrás de países desenvolvidos na hora de levar propostas para Copenhague. O Brasil vai dar um recado para o mundo: não somos os responsáveis pelo problema, mas seremos responsáveis pela solução”, disse. Segundo ele, o país que mais fizer ações nesse sentido também terá o direito de realizar as maiores cobranças. “Eles envenenaram o planeta durante cem anos”, disse.