Mesmo sem ter ainda como remover as milhares de toneladas dos escombros das cabeças d’água e sem o novo mapa geológico da região definido, o secretário estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, anunciou que construirá 5 parques fluviais de R$ 190 milhões nas cidades serranas atingidas pelas chuvas, que já deixaram ao menos 842 mortos e cerca de 470 desaparecidos. O primeiro deverá ser o parque fluvial ao longo do Rio Santo Antônio, cuja enchente provocou a maioria das 67 mortes no Vale do Cuiabá, em Itaipava, distrito de Petrópolis. Minc prometeu o parque para o próximo verão.
“Será impossível dragar os rios e tudo voltar a ser como era antes. Logo, os parques ao longo dos rios e as plantações são as soluções que encontramos até o momento para evitar que a população volte a ocupar as margens ou a destruição da vegetação”, afirmou o secretário, que ainda não sabe de onde sairão os recursos para as obras.
Minc disse que a secretaria vinha trabalhando na região serrana, mas que ações judiciais de empresas impediram obras como a correção dos rumos dos rios em Nova Friburgo, que, segundo ele, diminuiria a força da correnteza e minimizaria a cabeça d’água. A previsão é que ele construa parques ao longo de 55 quilômetros das margens dos rios e remova famílias de uma faixa equivalente a 40 quilômetros ao longo dos rios.
O segundo parque fluvial deverá ser o Córrego Dantas, em Nova Friburgo. Os outros serão em vales no interior de Teresópolis e nas demais cidades atingidas, como São José do Vale do Rio Preto. Apesar de registrar apenas quatro mortes, as casas ribeirinhas ao longo da margem do Rio Preto foram devastadas. “Apenas em um trecho de 6 quilômetros ao longo de um dos rios da região serrana, nós termos que retirar 600 famílias”, destacou o secretário. Apesar dos planos, ele ressaltou que as prioridades agora são outras. “Temos que pensar em desobstruir os rios, retirar os escombros das margens e em um local para o bota-fora, ou seja, para os escombros sem utilidade da catástrofe.”
Resposta
A prefeitura de Nova Friburgo respondeu ao Ministério Público do Rio (MP-RJ), que acusou o município de não cumprir 21 ações relativas a áreas de risco desde 2003. As medidas seriam relativas a remoções, obras de contenção e levantamentos de riscos de deslizamentos. Em nota, a prefeitura informou que as ações na Justiça do MP são apenas 8 e que nenhuma ainda teve sentença proferida. O município ironiza uma das ações que pedia a remoção das construções situadas a menos de 20 metros das margens dos rios e informa que, desta forma, seriam demolidas a sede do MP, além do Fórum da cidade, do Hospital Municipal Raul Sertã, da sede da Justiça Federal, todas construções situadas às margens do Rio Bengalas, e de milhares de construções residenciais.