Um dos principais marcos comemorativos do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, o Jardim Japonês de Belo Horizonte, será inaugurado na próxima segunda-feira (16). Localizado em uma área de 5 mil m2, dentro do zoológico da capital mineira, o jardim tem projeto assinado por Haruho Ieda, paisagista japonês radicado no Brasil há 20 anos. O espaço ganhou contornos semelhantes aos jardins do Japão, com árvores típicas como o pinheiro oriental, a cerejeira, a azaléia e o bambu; pontes e lanternas ornamentais; lago com carpas coloridas e cascatas artificiais. O jardim também vai abrigar várias espécies de aves asiáticas como o marreco-mandarim, o tadorna-tricolor, o tadorna-ferrujinha e o cisne-branco.
Uma autêntica Casa de Chá, um dos elementos mais característicos de um jardim japonês, também comporá o local. Na Casa de Chá é realizada a tradicional Cerimônia do Chá, que representa a síntese da cultura e do espírito japonês. Outros elementos bastante representativos da cultura japonesa são os o Torii (portal de entrada), dois Tôrôs (lanternas de pedra) e a Taiko Bashi (ponte).
Para compor o clima oriental na inauguração, haverá a tradicional pintura do olho do Daruma, talismã japonês que realiza sonhos e estimula a paciência. Vocalista da banda mineira Patu Fu, a nikkei Fernanda Takai também se apresentará cantando músicas do seu repertório em japonês.
A construção do Jardim Japonês de Belo Horizonte, iniciada em outubro de 2007, foi uma iniciativa do cônsul-geral honorário do Japão em Belo Horizonte, Rinaldo Campos Soares, da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, por meio da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte (FZB-BH), e da Associação Mineira de Cultura Nipo-Brasileira. A obra contou ainda com apoio das empresas Camargo Corrêa, CBMM, Cenibra, Daido Química do Brasil Ltda, Integral Engenharia, Mitsubishi, Sankyu S.A, Usifast, Usiminas, Vale, V&M do Brasil, Votorantim e Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil.
O primeiro passo para a construção da obra foi a preparação do terreno. A área sofreu escavações e foi reaterrada com material mais sólido para receber as pedras, cerca de 600 toneladas, que compõem as cascatas e toda a estrutura de um tradicional jardim japonês. Esta preparação incluiu a transformação dos três lagos dos flamingos em um único, além da retirada e do transplante de cinco espécies de palmeiras para outros locais da Fundação Zoo-Botânica. Num segundo momento foi feito novo aterro, com acréscimo de terra vegetal, para o plantio de mudas.
O grande desafio do projeto foi harmonizar a construção pesada, ou seja, a parte civil, com a leveza exigida pelo paisagismo.
Segundo o presidente da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte, Evandro Xavier, a expectativa é que um milhão de pessoas visitem anualmente a nova atração. "O Jardim Japonês de Belo Horizonte celebra a amizade entre os povos e propicia ao povo belo-horizontino oportunidade de conhecer um pouco da cultura milenar deste país irmão. Além disso, o jardim chama a atenção para a necessidade de se preservar a biodiversidade do planeta", afirma.
Já o cônsul-geral honorário do Japão em Belo Horizonte, Rinaldo Campos Soares, afirma que a iniciativa da construção do Jardim Japonês de Belo Horizonte é uma homenagem à cidade pelo centenário da imigração japonesa no Brasil. "A data é um marco histórico que celebra um longo período de amizade, trabalho e conquistas dos imigrantes japoneses e de seus descendentes no Brasil, que consolidaram a comunidade e participaram efetiva e decisivamente no desenvolvimento econômico do Estado de Minas Gerais", destaca.
Outras atividades comemorativas do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil estão previstas no calendário oficial elaborado pela Comissão Organizadora das Comemorações do Centenário da Imigração Japonesa em Minas Gerais, cujo presidente executivo é Rinaldo Campos Soares e o presidente de honra é o governador Aécio Neves. Toda a programação pode ser acompanhada pelo portal www.japaomg.com.br.
Arte e cultura japonesa
A arte do paisagismo no Japão nasceu antes do século VI. Os jardins japoneses foram influenciados pelo amor xintoísta à natureza e pelo ideal budista do paraíso, em uma tentativa de aproximação da natureza e da beleza da criação. Para a cultura japonesa, o paisagismo é uma das mais elevadas formas de arte, pois expressa a essência da natureza em um espaço limitado. O objetivo é criar um microcosmo: elementos combinados para formar uma paisagem idealizada em miniatura, como se as mãos humanas nunca a tivessem tocado. Geralmente os jardins são organizados com contrastes como liso e áspero, horizontal e vertical, esbelto e volumoso, estimulando a mente a encontrar seu próprio caminho à perfeição.
O portal Torii, elemento bastante significativo na cultura japonesa, representa a divisão entre o mundo comum e o mundo divino e é considerado o portal que separa o espírito da matéria.
Também presentes no Jardim Japonês de Belo Horizonte, as lanternas Tôrô remontam ao século VIII, quando eram usadas em santuários xintoístas e templos budistas para expressar a devoção religiosa. No século XIV, as lanternas começaram a ser incorporadas nos jardins que levavam aos pavilhões construídos para a Casa de Chá. A partir daí, além de iluminar, passaram a ser um elemento importante para valorizar o jardim. Um dos dois Torôs do Jardim Japonês de Belo Horizonte é do modelo do Templo Sen-Nyu de Kioto-Japão, do século XVIII, uma obra artesanal do artífice Toshio Ozeki da cidade de Makabe, província de Ibaraki, e foi doado especialmente para compor o paisagismo do jardim.