As Forças Armadas voltaram à Vila Kennedy, favela da zona oeste, nesta segunda-feira, 26. Na sexta-feira, 23, cerca de 3.000 fuzileiros navais trabalharam na destruição de barricadas do tráfico de drogas e revistas em automóveis e também a moradores. Desta vez, são equipes do Exército que estão circulando em blindados por becos e vielas.
Na sexta, os militares permaneceram durante todo dia na favela. Com a saída deles, à noite, traficantes reassumiram seus postos, contaram moradores à reportagem. Os criminosos circularam pelos mesmos lugares antes ocupados pelas tropas, disseram.
A operação desta segunda-feira não foi divulgada de antemão pelo Comando Militar do Leste, ao contrário do que aconteceu com as anteriores. Procurado pela reportagem, o CML apenas a confirmou.
“A informação vazou. Ontem à noite os traficantes foram embora”, afirmaram os moradores. “Essas operações não mudam nada. É triste, mas é uma impressão que temos e que nunca mudará”, um outro morador contara na sexta-feira.
Na ocasião, fuzileiros tiraram fotos de moradores e de suas carteiras de identidade, o que gerou mal-estar na população. O objetivo era agilizar a checagem de antecedentes criminais. Eles se sentiram humilhados e postos sob suspeição, afinal, já haviam se identificado e, ainda assim, tiveram as fotos registradas. Houve quem tenha deixado de sair às ruas para não passar pelo procedimento.
De acordo com o CML, esse tipo de atuação é legal e rotineira. Mas tanto a Ordem dos Advogados do Brasil quanto a Defensoria Pública do Rio se manifestaram contra as fotos. O Observatório Jurídico da OAB/RJ informou nesta segunda-feira que vai pedir explicações ao interventor federal no Rio, general Walter Braga Netto, sobre os critérios utilizados para o fichamento de moradores de comunidades durante as operações militares.