Brasília (ABr) – Cerca de mil municípios brasileiros não contam com médicos que moram na própria cidade. Ou seja, um em cada cinco municípios do País é atendido por médicos de outras regiões. Para chegar ao trabalho, muitos deles precisam acordar cedo, enfrentar estradas e trânsito. No consultório ou hospital, esses profissionais atendem uma comunidade da qual não fazem parte.
Segundo o secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Francisco Campos, o levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina revela uma das dificuldades a ser enfrentada para melhorar o atendimento prestado à população no Sistema Único de Saúde (SUS).
O assunto será discutido na 3.ª Conferência Nacional de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, que começou ontem e vai até quinta-feira, em Brasília. As discussões vão ajudar o governo a desenvolver políticas para melhorar as ações de atenção à saúde. As propostas serão consolidadas num relatório, com sugestões ao Ministério da Saúde. ?Uma questão que pode ser colocada na conferência é que tipo de política pode descentralizar e incentivar os trabalhadores a irem para localidades do interior. É esse tipo de política que poderá melhorar a qualidade do atendimento nesses locais?, destaca Campos.
Para o secretário, outra dificuldade que precisa ser enfrentada é a formação dos trabalhadores, em geral, ainda distante da realidade de muitos usuários do SUS: ?Às vezes, a gente forma muito mais médicos voltados para o hospital do que aquelas pessoas que sabem ir até a comunidade, fazer o que o programa Saúde da Família propõe.?
Francisco Campos ressalta que, apesar dos problemas, a experiência brasileira na área de recursos humanos em saúde é reconhecida internacionalmente como uma das mais avançadas. ?O relatório mundial da saúde deste ano, que se dedica à questão dos recursos humanos, o único país que ele cita três vezes com três bons exemplos de recursos humanos é o Brasil.
Medicamentos com subsídios
Brasília (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem que o programa da Farmácia Popular, que aplicava R$ 1,9 bilhão, ou 5,8% do orçamento da saúde, quando ele assumiu o governo, passou a ter neste ano R$ 4,8 bilhões, representando 11,5% do orçamento do setor.
Lula disse ontem que o País tem 121 farmácias populares em 88 cidades e começa a credenciar farmácias privadas para este tipo de atendimento. Com o acordo, o governo estima que o usuário vai economizar 90% em cada remédio que ele comprar para hipertensão e para diabetes.
O ministério da Saúde estima que 16,8 milhões de brasileiros têm problemas de pressão alta e outros 3,9 milhões de pessoas são portadoras de diabetes no País.
?Nós temos, no Brasil, 40 mil farmácias, estamos começando com 1.203. Há interesse dos prefeitos, há interesse da população, há interesse que na sua cidade tenha uma farmácia com o selo do Farmácia Popular?, explicou o presidente.