Microcefalia pode reduzir 6 meses após pico de zika

O representante no Brasil da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Joaquim Molina, afirma que os próximos dois meses são decisivos para se avaliar a relação entre o zika e o aumento de casos de microcefalia no Brasil. “Se o ritmo de nascimentos de bebês com microcefalia cair a partir de agora, a hipótese de que a infecção pelo vírus contribui para a má-formação se fortalece”, disse o representante. Isso porque o nascimento dos bebês ocorreria em até seis meses depois do pico da epidemia que afetou alguns Estados do Nordeste neste ano.

“O aumento ficaria restrito ao período em que gestantes de até três meses poderiam ter sido infectadas pelo zika. Será um indicativo importante, mas não definitivo”, completou. Pesquisadores avaliam a hipótese de que a ação do vírus ocorre até o terceiro mês de gestação, período de formação do sistema nervoso do feto. Fragmentos do vírus já foram encontrados no líquido amniótico de dois fetos com microcefalia.

Cauteloso, Molina afirma ser necessário ainda avaliações mais precisas para se afirmar de forma categórica que a má-formação é provocada pela infecção da mulher até o terceiro mês de gestação. “Não há ainda elementos que possam dizer que o zika é o único responsável. Pode haver outros fatores envolvidos”, completou. Ele observa que caso os nascimentos com má-formação continuem no mesmo ritmo fica enfraquecida a tese de que o problema estaria relacionado à zika.

O pico da epidemia de zika em alguns Estados do Nordeste ocorreu, de acordo com estimativas, nos meses de abril e maio. Os números não são precisos porque não é recomendada a realização de exames para identificação do zika.

Molina disse que a Opas acompanha de perto os acontecimentos. “É doloroso ver o drama das famílias”, completou. Para ele, o mais importante é reforçar as ações de controle contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da chikungunya e da zika.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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