Mais da metade dos brasileiros tem dificuldades de comprar remédio. A informação é do diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, Norberto Rech. ?O Brasil consome 40% dos de remédios da América Latina, mas mesmo assim tem quase oitenta milhões de brasileiros que não têm acesso a medicamentos?.
Segundo o Ministério da Saúde o mercado farmacêutico brasileiro está entre os 10 maiores do mundo. O faturamento anual do setor está em torno de US$ 10 bilhões, mas mesmo assim a população que necessita de remédios não tem acesso.
O Brasil também não possui pesquisas dos processos de produção de remédios em escala industrial, o que gera uma forte dependência do mercado internacional. O déficit na balança comercial brasileira somente com a importação de medicamentos industrializados é de R$ 3,5 bilhões.
A empregada doméstica Maria do Carmo Colegari Silva tem pressão alta e sofre porque não tem dinheiro para comprar os remédios. O salário de R$ 360 muitas vezes não dá nem para alimentar os cinco filhos, que sustenta sozinha. Para tomar os remédios ela conta com a ajuda dos amigos. “Os remédios são muito caros. Uma caixa com doze custa R$47,00. Tenho que tomar um por dia, como vou fazer? Tenho que escolher entre a saúde dos meus filhos e a minha”, disse.
Até quinta-feira, profissionais de saúde, gestores e usuários discutirão, nesta capital, na I Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica, a política de medicamentos do país e soluções para melhorar o acesso dos brasileiros à assistência farmacêutica. Os resultados serão encaminhados ao Ministério da Saúde. Para Rech, a conferência será um momento único visando as diretrizes de uma política de medicamentos que passa a ser estratégica para o governo.