A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta quarta-feira, 26, que quer ter uma “conversa clara” com o presidente Jair Bolsonaro sobre o desmatamento no Brasil. Ela afirmou que, se tiver a oportunidade, vai tentar ter essa discussão durante o encontro da cúpula do G-20 que começa amanhã, em Osaka, no Japão.

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“Assim como vocês, vejo com grande preocupação a questão das ações do presidente brasileiro (em relação ao desmatamento) e, se ela se apresentar, aproveitarei a oportunidade no G-20 para ter uma discussão clara com ele”, afirmou ela a seus deputados.

A alta nos níveis do desmatamento e a expansão das atividades agrícolas no Brasil fez com que 340 ONGs europeias e sul-americanas, incluindo Greenpeace e Amigos da Terra, questionassem o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.

As ONGs pedem “medidas rigorosas” contra o desmatamento e “compromissos” em favor do Acordo de Paris sobre o Clima – um acordo firmado por 195 países, em 2015, para conter o aumento da temperatura média do planeta a menos de 2°C até o ano de 2100.

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Anteontem, relatório do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) citou o Brasil como um exemplo de nação que está tomando medidas na direção contrária à necessária para enfrentar as mudanças climáticas. Uma das principais críticas foi à ideia de Bolsonaro de liberar a mineração em partes da Amazônia, floresta com a maior biodiversidade do planeta.

Merkel, no entanto, afirma discordar da medida solicitada pelas ONGs e sinalizou ser favorável à conclusão do acordo. “Acredito que a não conclusão do acordo com o Mercosul não contribuiria de forma alguma para o fato de que um hectare a menos seja desmatado no Brasil, pelo contrário”, ressaltou Merkel, afirmando que “esta não é a resposta para o que está acontecendo no Brasil”.

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O acordo também é duramente criticado por agricultores europeus. Eles temem invasão de produtos sul-americanos, com a abolição de algumas tarifas aduaneiras.

Ainda em 2018, o Brasil anunciou ter desistido de ser sede da Conferência do Clima da ONU neste ano. A justificativa oficial foi a falta de verba para receber o evento, mas Bolsonaro sempre foi crítico de discussões sobre o aquecimento global.

O chanceler de Bolsonaro, Ernesto Araújo, já afirmou acreditar que a mudança climática é um “dogma científico”. Na campanha eleitoral, Bolsonaro chegou a dizer que poderia retirar o Brasil do Acordo de Paris por uma questão de “soberania”, mas depois indicou que permaneceria no pacto climático.

Governo

Procurados pelo jornal O Estado de S. Paulo ontem, o Palácio do Planalto e os Ministérios do Meio Ambiente e das Relações Exteriores não se manifestaram sobre as declarações de Merkel. (Com agências internacionais)