Empregos

Mercado de trabalho era melhor há uma década

O mercado de trabalho continuou registrando avanços no País em 2007 mas, em muitos indicadores, não conseguiu alcançar ainda os resultados da década de 90. A taxa de desemprego apurada em nível nacional pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), relativa ao ano passado mostra que, em 2007, a taxa de desemprego foi de 8,2%, ante 8,4% em 2006. Embora a taxa de desemprego do ano passado seja a menor desde 1997 (7,8%), ainda é superior a todas as taxas apuradas pelo IBGE de 1992 a 1997.

Segundo os dados da série histórica harmonizada da pesquisa (que excluem a área rural dos Estados da região Norte), de 1996 a 2007, o nível de ocupação (porcentual dos ocupados na população com 10 anos ou mais de idade) passou de 55,1% para 56,9%, “mostrando uma recuperação nos últimos anos, mas não alcançando os porcentuais do início da década de 1990” (em torno de 57,5% até 1995).

Rendimento

Situação similar à do mercado de trabalho foi registrada no rendimento médio real dos trabalhadores. Apesar dos ganhos ocorridos entre 2004 (R$ 831) e 2007 (R$ 960), a renda média mensal real dos ocupados não retornou ainda ao patamar de 1997 (R$ 1.011,00).

O rendimento médio real dos trabalhadores voltou a crescer em 2007, com expansão de 3,2% em relação a 2006. O aumento, porém, foi inferior aos apurados em 2006 ante 2005 (7,2%) e em 2005 ante 2004 (4,5%). A coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, Márcia Quintslr, explicou que esse crescimento em ritmo menor pode ter relação com o aumento do salário mínimo, que subiu 8,5% em 2007 ante o ano anterior, variação bem inferior às apuradas em 2006 (17%) e 2005 (15%). “Além da geração de emprego e formalização do trabalho, o aumento do mínimo influi muito nesse resultado”, explicou.

Com o aumento de 3,2% ante 2006, o rendimento médio real do trabalho (das pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas e com rendimento de trabalho) chegou a R$ 956 em 2007. A Pnad apurou também o rendimento médio real de todas as fontes (das pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimentos, incluindo, além da renda do trabalho, aplicações financeiras, aposentadoria, renda de aluguel e outros), que chegou a R$ 941 em 2007, com aumento de 2,7% em relação ao ano anterior.

No que diz respeito ao rendimento médio real domiciliar, a Pnad apurou o terceiro aumento anual consecutivo em 2007, quando chegou a R$ 1.796,00, com ganho de 1,5% ante o ano anterior.

Desigualdade

A desigualdade no País continuou diminuindo em 2007, com o indicador que mede a concentração de renda de um ano para o outro apresentando a maior queda apurada desde 1990. Segundo a Pnad, o índice de Gini da distribuição de renda do trabalho passou de 0,541 em 2006 para 0,528 em 2007. Esse índice varia de 0 a 1 e indica maior desigualdade à medida que aumenta.

O Gini de todos os rendimentos (inclui programas de transferência de renda, aplicações financeiras, renda de aluguel e aposentadorias) também vem registrando quedas sucessivas desde 2004 e passou de 0,547 em 2006 para 0,534 em 2007.

Apesar dos dados “favoráveis” dos índices de Gini, a coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE ressalta que a distância entre os rendimentos das camadas de maior e menor renda da população mostra que a concentração, mesmo em queda, ainda é elevada.

No que diz respeito ao rendimento do trabalho, no ano passado os 10% da população ocupada de mais baixos rendimentos detiveram 1 1% do total dos rendimentos do trabalho, enquanto os 10% com os maiores rendimentos corresponderam a 42% do total das remunerações. A fatia dos menores rendimentos ficou praticamente inalterada em relação a 2006, quando era de 1%. “Esses dados mostram que ainda permanece uma concentração elevada”, disse a coordenadora.

Sindicatos

O número de trabalhadores associados a sindicatos no Brasil diminuiu em 2007. Segundo a Pnad, no ano passado havia 16 milhões de associados a sindicatos no País, com queda de 3,3% ante o ano anterior. O recuo interrompe uma trajetória persistente de crescimento apurada na Pnad desde 1998.

A coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, Márcia Quintslr disse que ainda não é possível afirmar que a queda na sindicalização é uma tendência no País. “Esse é um indicador estrutural e é preciso aguardar mais um pouco para saber se é uma tendência”, disse.

A Pnad 2007 investigou cerca de 400 mil pessoas em quase 148 mil domicílios por todo o País a respeito de sete temas: dados gerais da população, migração, educação, trabalho, família, domicílios e rendimento. A Pnad é base para cálculo de importantes indicadores do IBGE, como por exemplo o IPCA, índice que baliza a inflação oficial do País. A pesquisa também é considerada fundamental por analistas econômicos para avaliar a evolução do quadro social do Brasil.

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