Seguindo a linha do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, o senador eleito Aloizio Mercadante (PT) fez um apelo pela união do movimento sindical, em reunião hoje com as principais centrais do País. “Mais da metade dos trabalhadores está na economia informal e não tem direito a representação sindical. Será que nessa condição o movimento sindical tem direito de se dividir?”, questionou. “Não será uma tarefa fácil romper com o modelo atual, construir um outro caminho.”
Ele declarou ainda que uma de suas principais tarefas no Senado será construir o consenso no movimento e pôs seu gabinete à disposição dos sindicalistas. “Serei senador para construir uma unidade para o movimento sindical, é preciso mudar a estrutura, para melhor.”
Além de apontar a necessidade de mudanças, Mercadante fez duras críticas ao modelo sindical atual. “Se a estrutura sindical fosse eficiente, não estaríamos nesta situação”, declarou, salientando que enquanto os trabalhadores estão divididos, os empresários defendem seus interesses de forma unida.
Segundo o senador eleito, os sindicalistas não podem desprezar a oportunidade de ter um de seus pares no poder. “Teremos um governo que tem um presidente que é a cara de vocês, que veio de baixo, que perdeu o dedo na fábrica”, declarou. “É a primeira vez que o Palácio do Planalto se encontra com a praça pública. E vocês terão de ajudar esse governo.”
Oposição
O discurso de Mercadante não convence o ex-candidato à Presidência José Maria de Almeida (PSTU), que é tesoureiro da executiva nacional da CUT. José Maria está disposto a fazer com o próximo governo uma oposição tão cerrada quanto à que o PT fez ao governo FHC. “Não vamos ficar só no carro de som, vamos continuar a nossa luta por um salário mais digno, contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e o FMI.”
A declaração foi uma resposta a Lula que, em discurso a representantes de centrais sindicais, disse que José Maria não podia ficar só no carro de som, torcendo para que o governo dê errado. Depois de brincar que se lembrava dos tempos em que a mãe de José Maria trocava as fraldas dele no sindicato dos metalúrgicos, Lula afirmou que o ex-adversário nas eleições podia ficar tranqüilo pois seu governo “vai dar certo”.