Oito adolescentes da Fundação do Bem-Estar do Menor foram ouvidos, hoje, pelo Ministério Público Estadual sobre as denúncias de tortura praticadas por funcionários em Franco da Rocha. Eles tinham diversas escoriações pelo corpo, comprovadas por um médico legista.

Três deles, da unidade 30, disseram que as marcas são resultado de um espancamento coletivo ocorrido na sexta-feira. O motivo: alguns meninos teriam questionado a falta de banho de sol e outras atividades desde que juízes da Vara da Infância visitaram a instituição, em 30 de outubro, e levaram relatos de maus tratos, ociosidade, ausência de atividades socio-educativas e falta de higiene. “Eles puseram 10 em cada ‘x’ (xadrez) e bateram com paus e ferros”, disse um deles, visivelmente ferido. “Enquanto batiam, falavam: é pra vocês aprenderem a não deletar funcionário.”

Os quatro adolescentes da unidade 31, de Franco da Rocha, relataram espancamentos semelhantes, ocorridos nos dias 10 e 13. ?Eles mandam ficar sentado de cueca com a cabeça entre as pernas, batem e depois fazem a gente tomar banho gelado?, contou um dos internos da ala F. Eles disseram, ainda, que são filmados antes dos espancamentos, ainda ?sem marcas no corpo?. Sobre o episódio do dia 13, informaram que cerca de 25 funcionários invadiram uma sala onde estavam isolados 8 adolescentes e os espancaram com pedaços de ferro tirados dos vitrôs das janelas. ?Eles filmaram os pedaços de ferro e disseram que íam dizer que eram nossos?, relataram.

Foi na unidade 31 de Franco da Rocha que, no dia 7, os promotores encontraram escondidos no almoxarifado da unidade, cassetetes de improvisados com madeira e ferro, que estariam sendo usados para torturar os adolescentes. ?Vamos instaurar novo inquérito policial e anexar os relatos aos processos que correm na justiça desde 2000, além de encaminhá-los à presidência da Febem para que sejam tomadas providências e os funcionários sejam afastados?, afirmou o promotor Ebenézer Salgado Soares. Segundo os adolescentes, em Franco da Rocha há ex-funcionários das antigas unidades de Imigrantes e Parelheiros  já denunciados por maus-tratos.

Por determinação da Juiza Mônica Ribeiro de Souza Paukoski, da Vara da Infância e Juventude da capital, os adolescentes foram transferidos de Franco da Rocha para outras unidades.

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