O menor de 16 anos que se entregou na terça-feira, 7, à polícia e confessou ter estuprado uma mulher e assaltado passageiros dentro um ônibus da linha 369 (Bangu-Carioca), na última sexta-feira, 3, já participou de pelo menos outros três roubos em coletivos no Rio. Policiais da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) ainda investigam se o rapaz assaltou outros dois ônibus momentos antes de embarcar no veículo onde cometeu o estupro.

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O adolescente chegou a ser detido em setembro do ano passado, junto com outro menor, após assaltar um ônibus na área da 27ª Delegacia de Polícia (Vicente de Carvalho), na zona norte. Segundo o delegado Maurício Luciano Almeida, da 17ª DP, ele foi solto pela 2ª Vara da Infância e Juventude do Rio após seus pais terem se comprometido a apresentá-lo em todas as audiências do processo na Justiça – o que não ocorreu.

As imagens do ônibus da linha 369 mostram que o menor utilizou um RioCard (vale-transporte eletrônico) para pagar a passagem. Os investigadores descobriram que o vale-transporte pertence a um rapaz que havia sido assaltado em outro ônibus no dia 31 de março. A vítima reconheceu na 17ª DP o menor como autor do crime. Outra vítima do adolescente o reconheceu por meio da camisa da banda Ramones que ele utilizou no dia do estupro na linha 369. O homem, que também foi assaltado num ônibus no dia 1º de maio, disse à polícia que a camisa lhe pertence, e que foi roubada pelo adolescente. Nas imagens divulgadas, a camisa aparece nitidamente.

“Todos esses fatos mostram que esse rapaz tem uma personalidade voltada para a prática de delitos. E, por ser menor, só pode ficar internado por, no máximo, três anos, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Neste momento em que a sociedade discute a redução da maioridade penal, esse caso deve servir de reflexão”, afirmou o delegado. Os investigadores desconfiam que, antes de embarcar no ônibus onde ocorreu o estupro, o menor assaltou outros coletivos. Isso porque um dos passageiros que foi roubado na linha 369 contou na 17ª DP que viu a mochila do adolescente cheia de pertences, inclusive femininos.

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Por meio do mapa de utilização do RioCard, polícia descobriu que, antes de embarcar no ônibus da linha 369, às 15h31 do dia 3, o adolescente viajou em outros dois coletivos. Às 14h18, ele entrou num ônibus da linha 712 (Cascadura-Irajá). E às 14h33, embarcou num coletivo da linha 389 (Vila Aliança-Carioca). “Vamos solicitar às empresas destes ônibus que nos forneçam as imagens daquele dia, nestes horários específicos. Queremos saber se o rapaz cometeu outros assaltos antes do estupro”, explicou o delegado.

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O adolescente se entregou a policiais da 33ª DP (Realengo) na manhã de terça-feira, 7. Ele estava escondido na casa da avó, numa favela dominada pelo tráfico em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A rendição foi negociada por seu padrasto, que temia que o menor sofresse represália de traficantes, já que a polícia poderia fazer uma operação na comunidade para capturá-lo.

Na 17ª DP, o menor foi reconhecido pela mulher estuprada, e por outros quatro passageiros da linha 369 que tiveram pertences roubados. Em depoimento, o rapaz admitiu que era ele quem aparecia nas imagens da câmera do coletivo. Em seguida, foi levado à 2ª Vara da Infância e Juventude, que determinou sua internação provisória numa unidade para menores infratores na Ilha do Governador, zona norte. O adolescente vai responder por atos análogos aos crimes de estupro, roubo com emprego de arma de fogo e constrangimento ilegal (já que, após descer do ônibus, na zona portuária, ele apontou uma arma contra um mototaxista para obrigá-lo na sua fuga).