Cerca de 200 pessoas acompanharam o enterro do estudante Hugo Ronca Cavalcanti, de 12 anos, no Cemitério Parque da Colina em Niterói. O menino foi atingido por bala perdida em primeiro de dezembro, quando jogava futebol no Clube Federal, no Alto Leblon, bairro de classe média alta da zona sul. Ele morreu no sábado. A polícia ainda não esclareceu as circunstâncias em que o menino foi atingido.
Sem condições para dar entrevistas, os pais de Hugo, José Augusto e Sandra, pediram a um amigo que agradecesse às correntes de oração em nome da família. "A gente quer Justiça, mas em todos os casos. Falta Justiça neste País, não só na morte do Huguinho", disse o amigo, que se identificou apenas como César
O menino ficou internado uma semana no Hospital Municipal Miguel Couto. No sábado em que foi atingido, os médicos o operaram, mas não puderam retirar a bala. Ele permaneceu em coma mesmo depois que os sedativos foram suspensos. O neurocirugião Paulo Niemeyer esteve no hospital durante a semana e constatou que o estado de Hugo era gravíssimo.
A polícia tenta esclarecer se o tiro que atingiu Hugo partiu da favela Chácara do Céu, que fica próxima ao clube, ou de um dos prédios da vizinhança. O Clube Federal vinha recebendo reclamações sobre o barulho na quadra de esportes. Testemunhas disseram que não ouviram sons de tiros – o que seria indício de disparos a distância. No entanto, a bala não se partiu após o impacto contra a cabeça de Hugo. Segundo estatísticas do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, de janeiro a junho deste ano, 170 pessoas foram vítimas de balas perdidas no Rio – 45% a mais do que no mesmo período de 2006.