Ribeirão Preto – SP – Marcela de Jesus Ferreira completou ontem seis meses de vida. Diagnosticada como anencéfala (sem cérebro) desde o quarto mês de gestação, ela contrariou as expectativas médicas e está sobrevivendo, e bem, ao lado da mãe Cacilda, em Patrocínio Paulista, região de Ribeirão Preto. O pai da criança e as irmãs continuam morando num sítio, a 18 quilômetros da cidade.
?Vou cuidar dela até quando Deus quiser?, diz Cacilda, que não esconde a sua alegria diária. A pediatra Márcia Beani Barcellos, que a visita uma a duas vezes por semana, continua se surpreendendo e documenta o que acompanha para posterior publicação científica sobre casos de anencefalia. Ela, porém, fica furiosa quando algum colega de profissão opina sobre o caso de Marcela sem ao menos tê-la visto ou buscado informações sobre a menina.
Vida
?Em teoria, uma criança anencéfala não teria dor, fome, sentimento, frio, mas a Marcela prova justamente o contrário, pois ela tem frio, dor, sente a presença da mãe, chora quando tem desconforto, emite sons e respira bom tempo sem o auxílio do aparelho de oxigênio?, relata Márcia. Ela lembra que a bebê só tem o tronco cerebral, que a mantém viva. Marcela tem anencefalia, mas não vida vegetativa, ou seja, não está entrevada no berço. Pesa quase 6 quilos e mede 59 centímetros, e é alimentada com leite (90 ml a cada três horas), sucos de frutas (20 ml por vez) e papinha de legumes (20 ml, duas vezes ao dia).