Megablitz fecha portas de entrada do tráfico no Brasil

Campo Grande, MS (AE) – Um total de 48 equipes da Polícia Rodoviária Federal iniciou ontem um cerco na divisa do estado do Mato Grosso do Sul com os estados de São Paulo e Paraná. A megablitz, batizada de Operação Aliança, pretende desmobilizar uma das principais portas de entrada de drogas usada pelas facções criminosas na região. Segundo o comando da operação no estado, as ações são desenvolvidas sob a orientação do Ministério da Justiça e sem um alvo específico. ?Nós armamos as redes e o que cair nelas é o que procuramos?, disse um dos coordenadores. As principais barreiras foram montadas nos municípios de Bataguassu e Três Lagoas na região leste, além de Naviraí, no Extremo Sul do Mato Grosso do Sul.

Motivos não faltam para o desencadeamento dessas ações, principalmente levando-se em consideração a época atual, quando a colheita de maconha é acelerada no Paraguai devido ao tamanho das plantas que já passam da altura ideal. Elas são cultivadas em dezenas de clareiras no meio de matas cerradas de fazendas do país vizinho, situadas em Capitán Bado, na divisa com Coronel Sapucaia, em Mato Grosso do Sul, longe da vigilância das autoridades.

Paralelamente ao tráfico da maconha paraguaia, corre o da cocaína colombiana que chega no Paraguai e entra no Brasil através de Pedro Juan Caballero, na divisa com Ponta Porã. As rotas do narcotráfico a partir de Capitán Bado e Pedro Juan Caballero se cruzam em Naviraí, justificando a barreira policial. O local é também via de acesso para o Estado de São Paulo, inclusive através do Paraná.

Os dois entorpecentes são responsáveis por 90% da receita do PCC (Primeiro Comando da Capital) e do CV (Comando Vermelho) e a maior parte passa ou tem como destino final São Paulo e Rio de Janeiro. Analisando as perdas sofridas pelos grupos criminosos nos últimos dois meses, com grandes apreensões de maconha e cocaína, além da desarticulação de várias quadrilhas, as autoridades chegaram à conclusão de que está na hora de cercar os caminhos que levam aos centros consumidores dessas drogas.

Odenílson de Souza, um dos relações-públicas da Polícia Rodoviária Federal explicou que, apesar de uma aparência inocente, o tráfego de sacoleiros tem muito a ver com o narcotráfico. ?Idosos, menores, gestantes, pessoas que não deixam quaisquer suspeita, às vezes, até dignas de dó, são presas transportando cocaína. Normalmente são os chamados laranjas que tentam arranjar dinheiro para salvar a situação de presidiários endividados. As ocorrências do gênero somam em média de 15 a 20 por mês, no Mato Grosso do Sul, carregando de 200 gramas até dois quilos de cocaína, por pessoa.? Baseados nessas ocorrências, os patrulheiros não farão escolha do tipo de transporte a ser vistoriado nas barreiras. ?Nem ciclista vai escapar ao cerco?, afirmou Souza.

Presos

Só ontem, nove pessoas foram presas pela Polícia Rodoviária Federal. O caso mais grave foi a apreensão de cerca de meio-quilo de pasta base de cocaína e a prisão do motorista do veículo, na fronteira com o Mato Grosso do Sul. As outras prisões foram por crime ambiental e descaminho.

A operação conta com reforço de contingente nas rodovias e núcleos de operações especiais de vários estados. A ação também ocorrerá no Paraná, em Mato Grosso do Sul, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, com fiscalização ostensiva e rondas táticas. Segundo a polícia, a operação conta também com apoio de cães farejadores, de helicópteros e da Coordenação de Inteligência. Não há data para a operação terminar.

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