Frente ao que consideram um iminente “apagão da saúde suplementar”, entidades médicas detalharam hoje a mobilização contra os planos de saúde que vai atingir pelo menos 15 Estados a partir de depois de amanhã.
Os médicos reivindicam reajustes nos honorários, inserção de critérios, índices e periodicidade de reajustes nos contratos com as operadoras, reajustes coletivos para evitar a pressão sobre o médico, detalhamento nos contratos dos critérios para o descredenciamento do médico, e o fim da interferência dos planos nos atos médicos. Essa é a quarta paralisação de atendimento aos planos no intervalo de um ano e meio. Dessa vez, as entidades planejam uma suspensão mais longa do atendimento eletivo – urgências e emergências não serão afetadas -, que pode se estender do dia 10 ao dia 15 de outubro.
A quantidade de dias parados e os planos de saúde que serão alvo do movimento foram decididos por cada Estado – alguns ainda farão assembleia para definir o alcance do movimento.
Por enquanto, o Maranhão é o que terá paralisação mais longa, de 10 a 24 de outubro contra sete operadoras. Em São Paulo, a proposta é suspender o atendimento de 10 a 18 de outubro contra 12 operadoras.
Não haverá paralisação, segundo as entidades, em cinco unidades da federação: Distrito Federal, Amapá, Ceará, Pará e Roraima. Parte delas conseguiram reajustes após as últimas paralisações, outra parte considera que o momento ainda é para o diálogo.
Os pacientes com consultas eletivas marcadas nos dias de paralisação devem ser remarcados ou podem pagar pela consulta e pedir o reembolso aos planos, de acordo com as três entidades que coordenam o movimento: CFM (Conselho Federal de Medicina), Fenam (Federação Nacional dos Médicos) e AMB (Associação Médica Brasileira).
Movimento semelhante dos médicos contra os planos foi feito em abril e setembro de 2011 e em abril de 2012.
“Apagão da saúde”
Aloísio Tibiriçá, 2º vice-presidente do CFM, diz que a mobilização torna visível um problema que se tornou crônico na saúde suplementar, com falta de médicos, longas filas de espera para atendimento e baixa remuneração do médico.
“A situação vai piorar”, afirmou Tibiriçá. “O “apagão” da saúde suplementar vem aí.”
Dados apresentados pelas entidades indicam que os reajustes cobrados pelas operadoras dos usuários não tem sido repassado aos médicos.
De 2000 a 2011, afirmam, o reajuste para os usuários foi de 150,89%. Para os médicos, foi 50% em média.
“O honorário do médico já foi 40% do gasto das operadoras. Hoje varia de 14% a 18%”, destaca Márcio Bichara, da Fenam.