O adiamento da campanha de vacinação contra a poliomielite de agosto para setembro não deverá trazer problemas nem riscos para as crianças que serão vacinadas, segundo infectologistas ouvidos pela reportagem. Isso porque, além de a doença estar erradicada no Brasil há muitos anos, a vacina está disponível nos postos de saúde durante todo o ano.

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“A campanha é uma forma de chamar a população para a vacinação. Mas para aqueles que precisam tomar as doses ou os reforços na idade indicada, a vacina fica disponível no posto de forma permanente”, diz Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

O virologista Celso Granato, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), concorda. “Considerando que não temos casos da doença no Brasil há muito tempo, nem em países vizinhos, e que o adiamento da campanha é muito curto, de apenas um mês, não há quebra de segurança nem risco de queda na proteção”, afirma o especialista.

Segundo os médicos, no último ano, apenas dois países do mundo registraram casos de paralisia infantil: Afeganistão e Paquistão.

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Redução

Os médicos dizem ainda que a mudança feita pelo Ministério da Saúde na campanha, para um formato menor, reduz o número de doses extras e, portanto, desnecessárias dadas a crianças com o esquema vacinal completo.

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“Não há problema em dar doses extras, mas não precisa dar tantas doses como a gente dava. Claro que quando você faz mais campanhas, você aumenta as chances de pegar aqueles que, por algum motivo, não tomaram todas as doses necessárias, mas nos países com a mesma condição de erradicação do Brasil, eles vacinam bem menos. Então não há problema nessa alteração”, diz Granato.

A redução do uso da vacina oral, a “gotinha”, é, inclusive, recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), explica Sáfadi. “Já substituímos as primeiras doses, que antes eram orais, pelas injetáveis, feitas com o vírus inativado. A tendência é que, daqui a alguns anos, nem tenhamos mais a vacina oral disponível”, diz.

O especialista explica que, embora muito pequeno, há risco de a vacina oral levar a um efeito adverso que causa paralisia. O risco, no entanto, é de 1 caso em 2 milhões de vacinados. “Como a doença está sob controle, a tendência é que a gente elimine por completo esse risco reduzindo o uso da vacina oral”, diz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.