Médicos de Cuba são orientados sobre riscos no Rio

Médicos de Cuba que chegaram ao Rio para atuar nas favelas da capital fluminense receberam orientações sobre como se comportar em áreas de risco. Eles seguirão protocolos da Cruz Vermelha Internacional para zonas de conflito, afirmou o coordenador de área da Secretaria Municipal de Saúde, Roberto Raposo.

Entre outras recomendações, os médicos foram orientados a usar jalecos nos deslocamentos na favela, andar com o crachá de identificação e “avaliar a dinâmica do território”. “Nós seguimos a dinâmica do local. Se o comércio está fechado, se as escolas suspenderam as aulas, nós interrompemos o atendimento. Se observamos que a situação está tensa, que há condições desfavoráveis, podemos funcionar sem a atividade externa, por exemplo”, afirmou. Raposo ressaltou que as recomendações valem para todos os profissionais.

Nesta terça-feira, 5, duas médicas cubanas visitaram a Clínica da Família Maestro Celestino, na Favela Palmeirinha, na zona oeste. Enquanto elas visitavam a unidade e conversavam com pacientes e outros profissionais, do lado de fora do posto havia homens com rádios transmissores. Elas disseram que não se sentiram intimidadas.

“Não me preocupo. Estou preparada. (A violência) É algo difícil de conviver porque no nosso país não vemos isso. Mas já estivemos em outras missões, como na Venezuela, e não aconteceu nada. Então, é algo que não nos tira o sono”, afirmou a médica Loraine Pacheco, de 38 anos, formada há 15. “Vamos seguir todos os protocolos”.

A Clínica Maestro Celestino tem 8.929 pacientes cadastrados, mas só um médico, que cumpre carga horária de 20 horas semanais. A prefeitura tenta contratar há um mês outro profissional, também para carga horária de 20 horas. Cinco médicos passaram pelo posto, mas desistiram do emprego. “Na primeira etapa dos Mais Médicos, 17 brasileiros inscreveram-se para trabalhar no Rio de Janeiro. Só dois ficaram”, disse Raposo.

A auxiliar de enfermagem Dalva de Oliveira Bento, de 64 anos, comemorou a chegada das médicas cubanas. “Antes da clínica, eu tinha que ir ao Hospital Federal de Bonsucesso. Chegava às 3 horas para conseguir uma consulta. O posto melhorou muito a vida da gente. Só falta ter médico. Porque eu estou cansada de chegar aqui e ter de ir embora porque não tem ninguém para atender. Tomara que essas fiquem.”

Loraine e Zoraide Pupo Pupo, de 45 anos, estão hospedadas em um hotel, no bairro de Irajá, na zona norte. Além da bolsa do governo federal (elas não revelam quanto recebem, uma vez que a administração cubana retém uma parte dos R$ 10 mil), a prefeitura arca com ajuda de custo de R$ 1.500 para o aluguel de imóvel e R$ 387 de auxílio-alimentação.

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