Santa Helena

Médica negra com ‘dreads’ diz ter sido vítima de racismo

O cabelo da médica Thatiane Santos da Silva, contratada pelo programa Mais Médicos para prestar serviços na cidade de Santa Helena, no oeste do Paraná, virou alvo de denúncia de racismo.

Na quinta-feira (19), ela foi chamada para uma reunião com a secretária Terezinha Madalena Bottega, que teria como pauta a organização das atividades a serem desenvolvidas dentro do programa Saúde da Família.

Thatiane, que é brasileira com graduação em Cuba e teve diploma reconhecido pelo Revalida (sistema do Governo Federal que permite a revalidação de diplomas médicos), denunciou que ficou surpresa ao chegar para a reunião e ouvir da secretária que precisava falar sobre o cabelo estilo dreadlocks da profissional.

Segundo a médica, a assessora da secretária teria perguntado se ela usava aplique porque o cabelo exalava um cheiro forte e que Terezinha teria completado dizendo que parecia odor de incenso. As duas teriam dito à Thatiane que os pacientes estavam acostumados com outro “padrão de médicos” e que ela poderia encontrar dificuldades pelo preconceito que pacientes poderiam ter em função do cabelo.

Em Santa Helena, nove médicos atuam no programa federal e oito deles são negros – quatro cubanos e quatro brasileiros que estudaram em Cuba. Thatiane postou uma mensagem no blog “Ofensiva Negritude” sobre o que aconteceu na reunião com a secretária e uma assessora direta de Terezinha e pelas redes sociais a mensagem se espalhou rapidamente.

Ela contou que na reunião disse à secretária que mais de 50% da população brasileira é composta por negros e que discriminação e preconceito não iria influenciar em sua capacidade profissional e na relação com os pacientes. Ela completou dizendo que não gostaria de ouvir comentários sobre seu cabelo. “Cada pessoa deve ser respeitada independentemente de seu cabelo, cor da pele, crenças ou escolhas pessoais”, declarou. Depois disso, aí sim, a secretária começou a falar sobre as ações de saúde que ela irá desenvolver.

Terezinha afirmou ainda que se retratou e pediu desculpas à médica e entrou em contato com o programa Mais Médico para falar sobre a polêmica e a resposta foi que o Ministério da Saúde não interfere na questão. Segundo ela, o programa federal informou que ambas as partes devem resolver a polêmica.

Prefeitura foi notificada

O Ministério da Saúde notificou a Prefeitura de Santa Helena para que dê explicações sobre a acusação de racismo feita contra a secretária da Saúde por uma médica do programa federal Mais Médicos. Caso o município não se manifeste em cinco dias ou seja comprovado o ato de racismo, a prefeitura estará sujeita a sanções do ministério, no âmbito do programa.

Com informações da CGN.

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