Brasília – As notas médias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ficaram abaixo dos 50 pontos este ano, tanto na redação quanto na parte objetiva, que engloba 63 questões. Foram 48,9 em redação e 45,6 no teste objetivo, também menores do que as de 2003, de 55,4 e 49,5, respectivamente. Na avaliação do Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação (Inep), que prepara a prova, o desempenho dos estudantes está na faixa regular. Na redação, 72,7% dos estudantes tiraram notas que estão enquadradas na faixa de regular a bom. Na escala do Enem, notas entre 0 e 40 são consideradas de insuficiente a regular, entre 40 e 70, de regular a bom, e de 70 a 100, de bom a excelente.
A maior dificuldade dos estudantes, de acordo com o levantamento, está na competência 4, em que precisam demonstrar a capacidade de analisar informações colocadas de diferentes formas para construir um argumento consistente sobre determinado assunto. Nesse ponto, a média foi de apenas 43,9. A maior média, 58 pontos, foi na competência 1, em que é avaliado o conhecimento da norma culta do português escrito.
A prova deste ano foi feita por 1,04 milhão de pessoas, entre estudantes que terminam este ano o ensino médio e pessoas que já terminaram há mais tempo. Por ser uma prova voluntária, o Ministério da Educação evita comparar os resultados de um ano com o seguinte. A alegação é de que a amostra é muito variável – em um ano pode haver mais inscritos de escola pública ou particular, ou mais pessoas que terminaram a escola há mais tempo. Diferenças que podem alterar o resultado final.
O perfil dos participantes da prova deste ano, feito através de um questionário socioeconômico, mostrou que 44% dos estudantes trabalhavam enquanto cursavam o ensino médio. Desses, 29% trabalharam durante todo o período. A maioria, no entanto, conseguiu terminar a escola em três anos, apesar das dificuldades que enfrentaram para estudar.
Grande parte dos estudantes de ensino médio que participaram da prova este ano – 71% – é oriundo de escola pública e 57% estudaram durante os três anos apenas no período diurno. Pela primeira vez, o questionário incluiu questões sobre discriminação racial. Apesar de 95% dos estudantes dizerem que não são racistas, quase metade diz ter parentes ou colegas racistas e 37,8% que têm colegas com esse tipo de preconceito. Boa parte dos estudantes – 62,2% -afirmaram já ter presenciado discriminação racial, 55%, discriminação sexual e 54%, discriminação econômica.