?Me sinto de alma lavada?, comemorou o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), logo após a decisão do plenário do Senado, que manteve ontem o seu mandato. ?Não votei porque tinha certeza de que não haveria injustiça?, afirmou. Indagado sobre o que iria fazer, respondeu: ?Agora eu sou paz e amor.
Mais cedo, depois da renúncia à presidência do Senado e dizendo-se ?muito mais leve?, Renan voltou a jurar inocência e afirmou que todo o processo contra ele não passou de um jogo político de interessados em ocupar o comando do Senado. Em entrevista durante a sessão de seu julgamento por falta de decoro parlamentar, Renan considerou ainda ?um equívoco, para não dizer indigno?, o parecer do senador Jefferson Péres (PDT-AM), que recomendou a cassação de seu mandato.
?As acusações são uma coisa absolutamente improcedente?, disse o ex-presidente do Senado. ?Ficou claro que tudo não passou de um jogo político. Tanto é assim que mal acabei de ler minha renúncia e o plenário começou a discutir a sucessão na presidência do Senado.? Ontem, foi a segunda vez, em 84 dias, que Renan foi julgado no plenário da casa, desta vez pela acusação de comprar, em nome de laranjas, duas emissoras de rádio e um jornal diário, em Alagoas, em sociedade com o usineiro João Lyra.
Assim como no primeiro julgamento, no dia 12 de setembro, Verônica Calheiros, mulher de Renan, assistiu a toda sessão da tribuna de honra. O deputado Renildo Calheiros (PC do B-AL), irmão de Renan, também assistiu ao julgamento. Já Aldo Rebelo (PC do B-AL), amigo do senador alagoano, passou rapidamente pelo Senado. Outros aliados de Renan foram ao plenário para cumprimentá-lo, como o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), que está de perna quebrada, em uma cadeira de rodas.