brasil

Mayaro, parente do vírus chikungunya, já circula no Sudeste, aponta UFRJ

Pesquisadores da Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram que o vírus mayaro, parente do chikungunya, está circulando no Estado. O novo vírus causa doença com sintomas semelhantes às de infecções por outros arbovírus como o chikungunya. Os sintomas são febre alta, dores musculares, de cabeça e nas articulações.

“O mayaro já está aqui e ele é transmitido pelo mosquito Haemagogus, o mesmo mosquito que transmite o vírus da febre amarela. O vírus mayaro que está aqui no Rio de Janeiro, assim como o de febre amarela, ainda é silvestre, ou seja ele está nas altas matas, ainda não se transformou eminentemente urbano”, explicou Rodrigo Brindeiro, um dos autores do estudo sobre o vírus mayaro e coordenador da Rede Zika da UFRJ.

Segundo estudo recém divulgado, nos últimos anos o número de infecções por vírus mayaro aumentou nas regiões central e norte do Brasil. Desde a última epidemia do chikungunya em 2016, pesquisadores já alertavam para o risco da disseminação do vírus mayaro nas grandes cidades da região sudeste e com potencial de estabelecer um cenário epidêmico no Brasil.

O vírus mayaro é um arbovírus da família Togaviridae, gênero Alphavirus, cujo vetor principal é o mosquito Haemagogus, que vive em áreas mais silvestres, como as florestas ou matas fechadas.

De acordo Amílcar Tanuri, coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, onde o estudo foi realizado, em 2016, 279 amostras tinham indicação clínica de chikungunya. No entanto, 57 deram resultado inconclusivo.

“Nós ficamos desconfiados e resolvemos fazer um teste molecular para testar amostras inconclusivas. Para a nossa surpresa, dessas 57 amostras, achamos três que continham RNA compatível com o mayaro e por coincidência as amostras eram de pessoas residentes da cidade de Niterói e autóctones “, explicou.

A história epidemiológica da infecção por mayaro começou em 1954 em Trinidad e Tobago, quando o vírus foi isolado de amostras de sangue de cinco trabalhadores rurais que apresentavam uma doença febril. O vírus recebeu o nome em referência ao município de Mayaro, região sudeste de Trinidad, onde os casos foram registrados.

O vírus tem sido relatado em alguns países da América Central e do Sul, geralmente em lugares com florestas tropicais, como Guiana Francesa, Bolívia, Peru, Suriname, Costa Rica, Guatemala, Venezuela, México, Equador, Guiana, Panamá e o Brasil.

De acordo com o Ministério da Saúde, o primeiro surto no Brasil foi descrito em 1955, às margens do rio Guamá, próximo de Belém (PA). Desde então, casos esporádicos e surtos localizados têm sido registrados nas Américas, incluindo a região Amazônica, principalmente nos estados das regiões Norte e Centro-Oeste.

Como é feita a transmissão do vírus?

O vírus do mayaro é transmitido por meio de picada de mosquitos silvestres, principalmente os Haemagogus janthinomys, que vivem em matas e vegetações à beira dos rios.

Após a picada do mosquito infectado, os sintomas iniciam geralmente de 1 a 3 dias após a infecção. Esse tempo pode variar de pessoa a pessoa, dependendo da imunidade individual, quantidade de partículas virais inoculadas e cepa viral, entre outros fatores.

Essa espécie de mosquito costuma ficar na copa das árvores e picar macacos e pássaros, que são os hospedeiros primários da doença nesse ecossistema. No entanto, quando alguma pessoa entra na mata, principalmente entre 9h e 16h, horário em que o mosquito está mais ativo, ela também pode ser picada e contrair a doença.

A febre do mayaro não é contagiosa, portanto, não há transmissão de pessoa a pessoa ou de animais a pessoas. Ela é transmitida somente pela picada de mosquitos infectados com o vírus mayaro.

Quais são os sintomas da febre de mayaro?

Os sintomas da doença são semelhantes aos de infecções por outros arbovírus.

– Febre aguda, semelhante à dengue.

– Dor de cabeça

– Dor muscular

– Dor nas articulações

– Inchaço nas articulações

– Manchas no corpo

Tratamento

Os sintomas são tratados de forma não específica semelhante aos de infecção pelo vírus chikungunya. Não existe vacina.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo