Mato Grosso quer ampliar meta de redução de desmatamento

O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, anunciou hoje um plano de redução do desmatamento no Estado, cujas metas superam em 36% (16.935 km2) as apresentadas no Plano Nacional de Mudanças Climáticas, elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente.

Segundo dados apresentados por Maggi, o Plano Nacional de Mudanças Climáticas sinaliza para Mato Grosso a redução no desmatamento da ordem de 47.539 km2 entre 2006 e 2020, enquanto a proposta do Estado é de diminuição da ordem de 64.474 km2 ao longo do período.

Para que a meta seja atendida, Maggi considera fundamental que o governo federal defenda a remuneração pela conservação ambiental na 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP-15), que será realizada em dezembro em Copenhague, na Dinamarca.

Ao lançar o plano hoje pela manhã, o governador afirmou que a aprovação da Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação Florestal (REDD) na convenção do clima permitirá ao Mato Grosso atingir a meta proposta. “Não vamos sacrificar o crescimento e o desenvolvimento dentro da legislação”, disse ele.

Na opinião do governador, o carbono retido pelas florestas deve ter o mesmo valor que o dos reflorestamentos ou da substituição de uma matriz energética. “O produtor, que tem o direito de desmatar 20% da área de florestas para cultivar grãos ou instalar pastagens, poderá optar pela preservação, desde que receba por isso. Vamos trabalhar para que toda a floresta em pé passe a ter valor.”

Crédito de carbono

Os cálculos feitos pelo governo de Mato Grosso indicam que a redução de 64.474 km2 no desmatamento no Estado representaria US$ 11,798 bilhões em crédito de carbono. Maggi avalia que é difícil que todo esse recurso seja repassado para o Estado, mas defende que os recursos oriundos da meta adicional de 16.935 km2, apresentada hoje, calculados em US$ 3,099 bilhões sejam repassados aos produtores rurais de Mato Grosso. “Estou sendo pragmático. Temos algo a vender, se existe alguém disposto a comprar, vamos sentar e conversar”, afirmou ele.

Além da remuneração pela conservação ambiental, Maggi considera importante a parceria com o governo federal para reforçar as ações de fiscalização e também a liberação dos recursos para os projetos que já foram apresentados para serem bancados pelo Fundo da Amazônia. “Tem que deixar de ser o fundo `Espírito Santo’, que todo mundo sabe que existe mas ninguém vê”, disse ele.

O governador voltou a descartar possibilidade de proibição de abertura de novas áreas para exploração agropecuária dentro do limite de 20% de floresta permito pela lei, como defendem as organizações não-governamentais ao propor o desmatamento zero. “Enquanto governador eu for não haverá essa proibição e se alguém se aventurar vai sofrer as ações na Justiça, pois é permito por lei”, disse.