No Seminário Internacional de Alfabetização de Jovens e Adultos: experiências ibero-americanas, promovido pelo Ministério da Educação e pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), o Mato Grosso do Sul apresentou 10, sua experiência em alfabetização de jovens e adultos dos povos indígenas Guarani e Kadiwéu. No estado, os guaranis decidiram pela alfabetização na sua língua materna, o guarani. Já os kadiwéus optaram pelo português.
A experiência com alfabetização multilíngüe e intercultural foi apresentada pelo antropólogo Giovani José da Silva, da Secretaria Estadual do Trabalho, Assistência Social e Economia Solidária. Giovani informou que a população Guarani no Mato Grosso do Sul é de 30 mil pessoas, enquanto a dos Kadiwéu soma 1.500. Cerca de 50% dos adultos indígenas são analfabetos.

Para iniciar a alfabetização dos adultos guaranis, o governo de Mato Grosso do Sul preparou este ano 25 professores indígenas, que estão dando aulas na língua materna para dez turmas, nas aldeias dos municípios de Dourados, Caarapó e Amabai. O processo de alfabetização deve durar mais de seis meses porque a literatura em Guarani ainda é rara, explicou Giovani da Silva. Assim, os professores têm de construir o material didático junto com os alunos, já que os alfabetizados precisam ter acesso a livros para não esquecer o que aprenderam. Para os kadiwéus, que falam o idioma guaikuru e habitam a região de Porto Murtinho, a secretaria montou uma turma de 30 alunos e treinou professores indígenas para lecionar em português.
Segundo o antropólogo, foi por meio do diálogo e do entendimento com os povos indígenas que a secretaria decidiu oferecer duas propostas diferentes de alfabetização: para os guaranis, que enfrentam problemas com a demarcação de suas terras, a alfabetização dos adultos em sua língua materna visa reforçar a identidade e a cultura. Já para os kadiwéus, que têm as terras demarcadas, dominar a língua portuguesa é uma forma de ampliar as possibilidades de intercâmbio com os não-índios.

Paraguai – O diretor do Ministério da Educação e da Cultura do Paraguai, Bernardo Enciso, trouxe a experiência do seu país com a educação de adultos nos assentamentos rurais. O programa foi montado depois que técnicos do ministério passaram oito meses nas regiões agrícolas mais pobres para organizar um método de ensino capaz de motivar os adultos, especialmente as mulheres. Nessas áreas, são desenvolvidas atividades escolares nas casas dos agricultores, e não em salas de aula. Eles começam desenhando cenas do cotidiano para contar o que fazem, como produzem e os problemas que enfrentam. Só depois começam a aprender a ler e a escrever. A alfabetização no Paraguai é bilíngüe, guarani-castelhano. Segundo o ministro Enciso, o Paraguai tem 5,1 milhões de habitantes e cerca de 130 mil analfabetos, além de 1,3 milhão de jovens e adultos que não concluíram a educação básica.

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