Mata atlântica perdeu 102,9 mil hectares em três anos

A mata atlântica brasileira teve 102,9 mil hectares derrubados de 2005 a 2008, mostrou o Atlas de Remanescentes Florestais divulgado hoje pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A área devastada corresponde a dois terços do território da cidade de São Paulo. O estudo leva em conta dados de dez dos 17 Estados com este tipo de vegetação. O diretor de mobilização da fundação, Mario Mantovani, explica que o desmatamento está associado à expansão urbana nos limites da floresta.

O ritmo do desmatamento se manteve em comparação com os dados de 2000 a 2005, quando a média anual de derrubada foi de 34,9 mil hectares. Nos últimos três anos foram desmatados, em média, 34,1 mil hectares por ano. “Está se desmatando na mesma velocidade”, diz Mantovani. “Nesses três anos, confrontando com os cinco anteriores, foi desmatado quase o dobro nos dez estados analisados.”

O resultado desse cenário é que, somados todos os fragmentos de floresta com mais de três hectares, resta hoje no País apenas 11,4% da cobertura original dessa vegetação. São apenas 147 mil quilômetros quadrados de mata atlântica. O mapeamento indica ainda aumento na fragmentação das áreas de mata. Elas estão menores e mais distantes uma das outras.

Minas Gerais foi o Estado que mais destruiu, com 32,7 mil hectares de mata derrubados de 2005 a 2008. O coordenador técnico do estudo, Flavio Ponzoni, do Inpe, classifica o Estado como “o grande desflorestador”. “Os motivos são ora a agropecuária, ora a especulação imobiliária”, diz. Mantovani acrescenta ainda como causas do desmatamento a extração de carvão e a siderurgia em Minas.

Santa Catarina aparece em seguida, com 25,9 mil hectares derrubados, segundo Mantovani, por desobediência à nova lei da mata atlântica, que estabelece limites de preservação ambiental. “O caso de Santa Catarina é de desobediência civil”, diz o pesquisador. “Políticos e dirigentes promoveram toda sorte de maldades contra a mata, culminando em um código ambiental estadual inconstitucional.” Outros grandes desmatadores são a Bahia (24,1 mil hectares a menos) e o Paraná (9,9 mil hectares). Para os pesquisadores, a situação é crítica nesses quatro Estados porque eles abrigam as maiores áreas de mata atlântica do País.

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