Rio – A Mata Atlântica é o ecossistema mais crítico do planeta. A afirmação foi feita pelo coordenador nacional da Rede de Organizações Não-Governamentais da Mata Atlântica, Pedro Aranha. ?É o bioma mais ameaçado que a gente tem?, disse Aranha. Segundo ele, dados atualizados apontam a existência, hoje, de apenas 7% da Mata Atlântica original que cobria 17 estados brasileiros.
Ontem, Dia Nacional da Mata Atlântica, Pedro Aranha lembrou que os estados com melhor conservação de fragmentos da mata original são o Rio de Janeiro e Santa Catarina, que, mesmo assim, não estão livres de ameaças constantes para perda desses trechos. Ele não fez referência ao Paraná. No Rio de Janeiro, o problema principal é a especulação imobiliária e, em Santa Catarina, apesar de estar proibida, é a questão da madeira. ?Até hoje é um grande problema que a gente enfrenta?, disse.
Para conter a devastação, Pedro Aranha informou que têm sido desenvolvidas ações conjuntas do governo federal com a Rede de ONGs da Mata Atlântica. Uma dessas ações é a liberação de financiamentos do banco alemão KFW, com recursos em torno de quase 16 milhões de euros, numa parceria com o governo brasileiro. Os financiamentos são para as ONGs desenvolverem programas criando conectividade entre os fragmentos.
De acordo com Aranha, a primeira chamada para linhas de financiamento já está no mercado e as ONGs têm até 31 de junho para mandar seus projetos de gestão participativa em unidades de conservação e de criação e implementação de novas unidades de conservação, incluindo parques, reservas biológicas e reservas particulares do patrimônio natural.
?Para a Mata Atlântica, é fundamental, porque 70% das terras da Mata Atlântica ainda estão nas mãos de proprietários particulares. Então, é importante a criação de reservas particulares do patrimônio natural para que se crie conectividade nesses fragmentos que ainda temos de Mata Atlântica?, esclareceu.
Pedro Aranha destacou também o lançamento, previsto para outubro do Programa da Mata Atlântica. O projeto, que está sendo elaborado pelo governo federal, vai integrar organizações não-governamentais, prefeituras e governos estaduais.
Ele chamou a atenção para o fato da Amazônia ser transformada em uma nova Mata Atlântica em termos de devastação, por questões econômicas. ?Todos os ciclos econômicos brasileiros passaram pela Mata Atlântica: começou com o pau-brasil e terminou com a indústria. A mesma coisa a gente está vendo na Amazônia. Começou com a indústria, e hoje é a soja. A relação entre uma e outra é igualzinha.?