A prefeita Marta Suplicy (PT) deixou de lado ontem o discurso cauteloso, adotado nesses três meses de campanha e, sem meias-palavras, descartou qualquer possibilidade de perder as eleições em São Paulo. “Eu não vou perder de jeito nenhum”, afirmou a petista, durante um café da manhã em seu comitê com ministros, senadores e deputados petistas. Confiante, a prefeita não permitiu sequer que jornalistas a questionassem sobre a possibilidade de derrota e, por várias vezes, interrompeu a entrevista para fazer objeções às perguntas. “Não vou falar sobre isso porque eu vou ganhar”, disse, quando perguntada se não representava um risco à sua reeleição a vantagem do candidato tucano, José Serra, nas pesquisas para o 2.º turno. Na segunda etapa, explicou, “tudo zera”. “É outra eleição, em que teremos condições iguais, sem língua de aluguel”, provocou. O presidente nacional do PT, José Genoino, fez coro ao entusiasmo da petista e estabeleceu até um prazo para o PT reduzir essa vantagem tucana. “Em 10 dias, nós vamos tirar essa diferença.” Segundo a pesquisa Datafolha de anteontem, Serra tem 51% das intenções de voto, contra 40% de Marta. Apesar da diferença, o clima de entusiasmo, explicou a prefeita, justifica-se por ela ter conseguido reverter todas as previsões e estar na disputa pela liderança já no primeiro turno. “Vocês têm de pensar que eu passei a eleição inteira com gente batendo, batendo e batendo na televisão”, comentou. Ela lembrou ainda da pequena expectativa em relação à sua campanha no início das eleições. “As pessoas diziam que eu nem ia para o segundo turno.” À mesa, em uma conversa mais descontraída com jornalistas, Marta revelou que sentiu pela primeira vez que essas pessoas estavam erradas e que ela vai ganhar as eleições há duas semanas. “Eu saía na rua e as mesmas pessoas que reclamavam de alguma coisa, no fim, acabavam dizendo – mas eu vou votar em você”, contou. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que também participou do café da manhã, preferiu um discurso mais ameno. Comentou que não se pode menosprezar o peso do candidato tucano. “O adversário é um homem que tem história, de modo que é um candidato forte. Eles são organizados e têm o governo do Estado”, disse o ministro. “Mas acredito que o eleitorado de São Paulo vai fazer justiça a essa grande administração da Marta.” Alianças Mesmo cantando vitória antecipada, Marta evitou entrar em detalhes sobre a estratégia petista na corrida por novos aliados no segundo turno. “Nossa expectativa é conseguir todas as alianças necessárias para vencer.” Tucanos se dão bem em Santa Catarina O PSDB está avançando nos principais colégios eleitorais de Santa Catarina. Em Florianópolis, o candidato Dário Berger conquistou ontem mais de 78 mil votos (35,6% dos votos válidos), com 99,25% das urnas apuradas. Seu concorrente no segundo turno será Francisco de Assis Filho (PP), ex-secretário de Obras da atual administração, que obteve 59.073 votos (27%). Sérgio Grando (PPS) ficou com 38.184 votos e Afrânio Boppré (PT), com 34.207. Os outros cinco concorrentes somaram 9.385 votos. De acordo com o Ibope, Dário Berger tinha a preferência do eleitorado para o segundo turno contra Assis: 48% a 36%. O resultado do primeiro turno em Florianópolis confirma a tendência verificada desde o início da campanha, quando Berger, ex-prefeito do vizinho município de São José, apareceu com grande vantagem sobre os demais concorrentes. Em Joinville, o maior colégio eleitoral de Santa Catarina, o candidato do PSDB, Marco Tebaldi, que ocupou a Prefeitura com a renúncia de Luiz Henrique da Silveira (PMDB) para disputar e ganhar o governo do Estado, venceu já no primeiro turno, com 132.687 votos (51,05%). O segundo lugar ficou com o deputado federal Carlito Merss (PT), que teve 81.542 votos (31,37%). O resultado em Florianópolis mostra um cenário bastante complicado para o candidato Francisco de Assis Filho. Na sua coligação, os partidos mais importantes são o PP e o PFL, representantes das alas mais conservadoras da política catarinense. Conquistar novas alianças entre as coligações derrotadas vai ser muito difícil para enfrentar a bem montada estrutura eleitoral que levou Dário Berger ao primeiro lugar. O presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE/SC), desembargador Carlos Prudêncio, estava muito satisfeito ontem com o andamento das eleições no Estado: “Estou orgulhoso porque houve um comparecimento em massa às urnas e com todo o respeito que o símbolo representado pelo voto deve ter”, afirmou. Segundo ele, das 12,5 mil urnas eletrônicas espalhadas pelos 293 municípios, apenas 94 tiveram de ser substituídas e em 7 seções o voto foi manual. Cesar Maia consegue se reeleger no 1.º turno no Rio Com 99,82% dos votos apurados, o prefeito Cesar Maia (PFL) garantiu a reeleição ontem, com 50,12% dos votos válidos, depois de uma apuração que, até o final ,manteve o suspense se haveria ou não segundo turno. Em segundo lugar ficou o senador e bispo de Igreja Universal do Reino de Deus, Marcelo Crivella, com 21,82% dos votos. A vitória foi comemorada pelo prefeito às 22h50. No início da tarde, depois de votar e passear em carreata pela cidade, o prefeito comentou que a disputa no Rio teria “um final de machucar o coração, voto a voto”. De fato, Maia, Crivella e os correligionários acompanharam em clima de tensão a contagem, pois o prefeito começou com margem mais folgada e foi perdendo vantagem a partir da metade da apuração. Somente às 22h30, quando eram contadas as urnas da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste, bairros favoráveis a Maia, os assessores que acompanhavam a apuração no TRE telefonaram para o prefeito para anunciar a vitória. Em terceiro lugar ficou o candidato do PMDB, o vice-governador e ex-prefeito Luiz Paulo Conde, com 11,18% dos votos. Jandira Feghali, candidata do PCdoB, teve 6,90%. Jorge Bittar, do PT, ficou em quinto, com 6,31%. Pouco depois das 17h, a pesquisa de boca-de-urna do Ibope indicava que o mais provável era a realização de segundo turno, mas não era conclusiva por causa da margem de erro de 1,7 ponto percentual. Na pesquisa, Maia teve 48% e Crivella alcançou 22%. A soma dos adversários do prefeito era de 52%. Saúde Confirmada a reeleição no primeiro turno, a primeira medida de Cesar Maia será convocar uma reunião com a equipe da Secretaria Municipal de Saúde. A saúde, em especial o atendimento precário nos hospitais municipais, é o ponto fraco da administração de Maia e foi explorado por todos os adversários durante a campanha. Maia admite que tinha dificuldades neste setor, mas atribui os problemas à sobrecarga da rede municipal, por causa, segundo o prefeito, das carências dos hospitais estaduais. PT e PPS vão brigar pela Prefeitura de Porto Alegre Classificados para o segundo turno da eleição para a Prefeitura de Porto Alegre, os candidatos Raul Pont A expectativa de Fogaça, que tinha 227.402 votos, correspondentes a uma fatia de 28,33% do bolo, quando a apuração já chegava a 99,26% do total, é criar uma “aliança pró-Porto Alegre”, expressão que usa para evitar “frente anti-PT”, com apoio de pelo menos quatro candidatos que ficaram de fora do segundo turno, admitindo as exceções do PSB, um partido pequeno em Porto Alegre, e dos nanicos PSTU e PCO. Em tese, o alinhamento com o PDT, PFL, PSDB, PP e PMDB seria natural. Tanto que, diante da perspectiva de um crescimento maior do que o do adversário no segundo turno, o resultado do primeiro foi mais comemorado pelos militantes da coligação PPS-PTB do que pelos da Frente Popular. Pont, com 301.985 votos (37,63%), primeiro colocado do primeiro turno, diz que tem seus trunfos. O primeiro é um comitê suprapartidário com militantes que já passaram pelo PMDB, PDT, PTB e PPS e que poderiam atrair bases dos adversários. O segundo é a contradição que os integrantes da frente oposicionista vão ter de explicar. “Quase todos estão no governo federal”, lembra Pont. “Só tivemos uma candidatura claramente oposicionista (a de Onyx Lorenzoni, da coligação PFL-PSDB)”, avaliou. Reeleito, prefeito de BH quer virar estrela nacional Na primeira entrevista que concedeu após confirmada sua reeleição, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), disse ontem à noite que pretende ser, a partir de agora, “uma voz política ouvida no cenário nacional”. “Vocês podem ter certeza disso”, afirmou Pimentel, antes de se juntar à festa preparada pelos militantes em frente ao comitê central da candidatura petista, na região centro-sul da cidade. “A vitória que a população está nos dando, nos dá também um mandato não apenas de prefeito, mas um mandato para representar Belo Horizonte em todos os foros políticos nacionais. E nós vamos fazê-lo”, disse. O prefeito reeleito reafirmou que pretende buscar mais “espaço político” para o PT mineiro na direção nacional da legenda. “Com certeza eu vou defender, não por qualquer vaidade pessoal, mas porque eu estou muito consciente do papel que a cidade, que o Estado espera de nós.” Disse também que pretende levar essa reivindicação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem deverá ter um encontro, em Brasília. “Se eu tiver essa oportunidade vou dizer isso também, entre outras coisas.” Pimentel ressaltou que sua vitória poderia ser creditada também ao presidente Lula. Confira no quadro o resultado em todas as capitais do país |
Marta já está cantando vitória em São Paulo
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