Mares Guia nega articulação do governo pró-Renan

Um dia depois de senadores reforçarem a pressão pela renúncia do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMD-AL), o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, negou que o governo trabalhe nos bastidores para segurar o aliado no cargo. Após café da manhã na Câmara com cerca de 30 deputados que integram a bancada do Nordeste, Mares Guia mostrou contrariedade com rumores de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria interferido até mesmo no episódio da renúncia do então presidente da Comissão de Ética do Senado, Siba Machado (PT-AC).

"Não é verdade! Não é verdade", reagiu o ministro com veemência, ao ser questionado por repórteres. "Vocês têm o direito de dar a interpretação aos fatos, mas eu tenho o dever de desmentir." Na prática, o Planalto mantém oficialmente a solidariedade a Renan, mas cada dia mais distante. Lula julga já ter feito sua parte na semana passada, durante solenidade de recondução do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, quando disse que ninguém pode ser culpado até prova em contrário e criticou o comportamento da Polícia Federal e do Ministério Público em investigações.

Mares Guia seguiu o mesmo roteiro ao destacar que Renan "é um aliado importante" do governo. Evitou, porém, fazer sua defesa. "O Poder Executivo não pode interferir. Não pode. Nem que quisesse", afirmou. O ministro admitiu que conversa com Renan "todos os dias", desde que ele foi acusado de ter suas contas pessoais pagas por uma empreiteira. "Mas conversar não tem problema", ressalvou. "O fato de estar em curso a análise de uma situação não significa que a pessoa seja culpada. O presidente Lula já disse com todas as letras que nós temos de parar com esse negócio de querer achar culpado antes de ter uma investigação ou antes de haver prova.

Cauteloso, Mares Guia insistiu na máxima repetida à exaustão por aliados de Renan, nos últimos dias: "O ônus da prova é de quem acusa." Questionado se o presidente do Senado deveria se afastar do cargo para não atrapalhar as investigações, usou mais uma vez o tom diplomático para evitar mexer no vespeiro. "Eu não posso opinar sobre isso. Nem senador eu sou", alegou. "De qualquer forma, ele está mostrando que não tem medo de enfrentar a questão.

Durante o café da manhã com deputados aliados e também da oposição, Mares Guia ouviu cobranças sobre a demora na recriação da Sudene. Atento, anotou as queixas num caderno e garantiu que "há vontade política" do presidente para que o desenvolvimento regional do Nordeste torne-se realidade. "O governo está trabalhando em sintonia com os Estados e as condições econômicas hoje, são as melhores possíveis", disse o ministro.

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