Na contramão do que deseja o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dirigentes do PT não parecem dispostos a se engajar na operação para ajudar o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia. Nenhum se moveu para defendê-lo até agora e na terça petistas saíram de reunião da Executiva Nacional cobrando da Procuradoria-Geral da República a apuração do mensalão mineiro – a Polícia Federal inclui o ministro entre os envolvidos.
?Walfrido já está fragilizado como articulador político do governo?, afirmou o deputado Jilmar Tatto (SP), um dos vice-presidentes do PT. ?Lula não pediu a opinião do PT para pôr o Walfrido lá e também não vamos dar opinião agora. Walfrido é um problema do governo.
Na prática, o PT vê na crise a chance de reconquistar a articulação política do governo. Na reunião da Executiva, em Brasília, petistas acusaram a imprensa de fugir do foco da denúncia de caixa 2 e desvio de dinheiro público na campanha de Eduardo Azeredo (PSDB). ?Por que mensalão mineiro? O mensalão é tucano e diz respeito à campanha de Azeredo?, afirmou o secretário de Comunicação do PT, Gleber Naime, sem citar os petistas envolvidos no caso.
Dois anos e três meses depois do escândalo do mensalão que atingiu governo e PT, petistas vêem no relatório da PF a chance de ir à forra contra o PSDB. Mas não querem defender Mares Guia, que nega a acusação. ?Não é o PT que vai dizer se ele deve ou não ficar?, disse Naime. Ao contrário dos petistas, líderes da base aliada foram à noite ao Planalto para um ?desagravo? a Mares Guia, que de manhã já recebera a solidariedade de ministros.
