O presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Marco Maciel (DEM-PE), foi obrigado nesta quarta-feira (19) a barrar a iniciativa de senadores da oposição de abrir o painel da votação secreta que absolveu o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na semana passada. Maciel alegou que não daria guarida à iniciativa do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) de pedir a intermediação da CCJ no encaminhamento de requerimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a abertura do placar da votação. "O gesto põe a presidência da comissão diante de uma dificuldade insuperável, que é a questão constitucional", alegou. "Sobretudo nós, da CCJ, não podemos deixar de observar preceitos constitucionais sobre o voto secreto".
Como saída, Tasso e outros senadores tucanos e democratas decidiram recorrer à Mesa Diretora do Senado de forma individual. Ou seja, cada senador vai pedir que seja revelado como ele próprio votou. A idéia assusta os parlamentares da oposição que "traíram" as bancadas, votando pela inocência de Renan. Mas dificilmente será concretizada.
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse ter recebido do Prodasen (Processamento de Dados do Senado) a informação de que o painel tornou-se inviolável, desde que técnicos da Universidade de Campinas (Unicamp) foram chamados para consertar os estragos causados pela violação da votação que cassou, em 2002, o senador Luiz Estevão (PMDB-DF). De acordo com esses dados, o painel se limitaria a receber os votos sim e não, sem registrar o nome de quem votou. Segundo Demóstenes, a situação hoje "é a mesma coisa que jogar no fogo as cédulas de papel de uma votação comum".