Representantes dos movimentos negros que participam da marcha Zumbi +10 contra o Racismo e pela Vida querem que o governo brasileiro tome atitudes concretas em relação à condição dos negros no País. A informação é de uma das coordenadoras da marcha, Mônica Oliveira. Segundo ela, neste ano, em que se celebra o ano da igualdade racial, não há o que comemorar. ?O Estado brasileiro precisa sair do compromisso simbólico. Nós queremos concretude, saúde e educação de qualidade, queremos entrar na universidade?, disse. Ela também destaca o fato de que a juventude negra está sendo assassinada. Segundo ela, ?80% dos jovens assassinados são negros. O censo do IBGE comprova que a proporção do jovem negro na população do País tem diminuído. Não é porque nascem menos negros, mas porque morrem mais jovens negros assassinados pela polícia e pelo tráfico de drogas?.
Oliveira ressalta que nos dez anos em que a marcha acontece ocorreram boas mudanças. Ela cita a lei que instituiu o ensino da cultura e da história africana nas escolas como sendo uma conquista do movimento negro e também os reflexos positivos que vieram com a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. ?Quando dizemos que estamos marchando pela vida, é a vida que está em jogo mesmo. Que é tirada pela violência, pela fome e pela miserabilidade?, disse. ?O que queremos é isso: lutar pela vida.?
De acordo com dados da Polícia Militar do Distrito Federal, cerca de 6 mil pessoas participaram da marcha Zumbi +10, que começou às 9h em frente ao Congresso Nacional. Após o término da marcha, ocorreram manifestações afros até as 21h, com apresentações teatrais e de música em um palco montado na Esplanada dos Ministérios. Representantes da marcha também se reuniram com a ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Nilcéa Freire, e com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.