Rio de Janeiro – O maquinista Norival Ribeiro Nascimento e o controlador de circulação Edson Assumpção Filho serão indiciados por homicídio culposo (sem intenção de matar) e lesão corporal culposa no inquérito que investigou as causas do choque de dois trens, ocorrido em 30 de agosto, em Austin, na Baixada Fluminense, no Rio, que matou oito pessoas e feriu 101. O Inquérito será encaminhado na próxima segunda-feira (8) ao Ministério Público para a instauração de processo.
A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (4) pelo delegado da 58ª Delegacia Policial, em Nova Iguaçu, Fábio Pacífico, com base no laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, que apontou sete falhas humanas como responsáveis pelo acidente.
O resultado do laudo, indicando falha humana, é o mesmo obtido pela Comissão Técnica da Supervia, responsável pelos trens urbanos no Rio de Janeiro, divulgado no dia 10 de setembro passado pela diretoria da empresa.
O delegado recebeu o laudo ontem (3) e disse que o resultado confirmou as informações obtidas em depoimentos.
"O resultado veio ao encontro do que havíamos deduzido através dos depoimentos: falha humana. Ambos agiram de forma concorrente e culposa, sem intenção de matar, e contribuindo para o resultado. Mas não há a menor possibilidade de medida coercitiva de prescrição de liberdade, já que o maquinista Norival e o controlador Edson colaboraram com as investigações", explicou o delegado.
Segundo o delegado Fábio Pacífico, o maquinista e o controlador responderão pelas oito mortes e 58 lesões corporais, já que nem todos os feridos no acidente se submeteram ao exame de corpo de delito. O delegado disse que ainda há tempo, até domingo (7), para quem quiser passar pelo procedimento (exame de corpo de delito) e constar no inquérito.
O laudo do Instituto Carlos Éboli indica que o maquinista conduzia o trem em alta velocidade e, por isso, não teria conseguido frear a composição. Já o controlador permitiu que as duas composições trafegassem em rota de colisão, ao autorizar que o trem de teste mudasse de linha, sem comunicar a alteração aos dois maquinistas.