Manifestantes vão filmar e denunciar vândalos

Quem depredar o patrimônio público ou privado, atear fogo ou provocar a polícia na manifestação desta segunda-feira, 17, contra o aumento das tarifas dos transportes públicos de São Paulo será filmado, identificado e denunciado pelos militantes do Movimento Passe Livre (MPL), do Juntos! e da Assembleia Nacional de Estudantes-Livre (Anel). O ato está marcado para as 17h, no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste da capital.

A identificação de quem causa quebra-quebra durante as manifestações já começou na quinta-feira passada, quando os principais articuladores do MPL afirmaram que o protesto deveria se manter pacífico. A repressão da polícia com balas de borracha, cassetetes e bombas de efeito moral, contudo, aumentou a reação agressiva dos manifestantes e impediu a identificação daqueles que são considerados, para os militantes, uma “exceção”.

“Nós não temos orientação de quebra-quebra e de confronto. Ficou evidente que em todos os momentos que isso aconteceu teve a ver com uma postura repressiva da polícia”, afirmou Carvalho.

Os militantes pretendem, com as denúncias, conter a ação dos punks e até mesmo localizar os policiais infiltrados na multidão. “Os vídeos divulgados na internet mostram a polícia depredando o patrimônio público, que são as viaturas, para depois incriminar o movimento. Vemos um número grande de policiais infiltrados para tentar criar confusões que pudessem nos incriminar.”

Após a ação da polícia no último protesto, a equipe que organiza as estratégias para segunda-feira afirmou que a reivindicação passou a ir além da redução da tarifa de ônibus. “O transporte é a nossa pauta central, mas essa luta é da juventude, que nem sempre se organiza para combater a repressão”, disse Arielli Tavares Moreira, da executiva nacional da Anel.

“Não vamos aceitar a praça de guerra que aconteceu da última vez, em que se criou um clima de terror. As pessoas foram presas por portar vinagre e mais de 200 foram detidas sem prova por parte da Polícia Militar. Isso é um procedimento irregular e não vamos deixar que se repita”, disse Arielli.

Os militantes contaram que pretendem promover desta vez uma “radicalidade pacífica”. “A gente tem de aproveitar este momento histórico da cidade de São Paulo e do Brasil e vamos ocupar as ruas das cidades que nós construímos”, afirmou Mayara Vivian, militante do MPL.

Os anúncios foram feitos após plenária realizada neste sábado, 15, na sede do Sindicato dos Servidores Federais de São Paulo (Sindsef-SP), na Vila Mariana, zona sul. Na reunião, havia também membros do PSTU, da Apeoesp, do CSP-Conlutas e representantes do sindicato dos metroviários, dos servidores da Justiça e do Diretório Central dos Estudantes da USP.

Nos bastidores da plenária, integrantes negociavam por telefone a ampliação do protesto pelo País. A adesão de brasileiros no exterior também foi comemorada, pelo fato de a manifestação ter ganhado repercussão e apoio internacional. “A tendência é o movimento crescer sempre mais. A gente já está presente em várias cidades do País e isso vai continuar”, afirmou Vivian.

Adesão

Até as 21h deste sábado, 15, pelo menos 164 mil pessoas confirmaram pelo Facebook presença na quinta manifestação do MPL, na Largo da Batata. O movimento espera 30 mil pessoas. O ato contra o aumento da passagem de ônibus, agendado pela página do grupo, tem cerca de 1,5 milhão de pessoas convidadas.

Nenhum outro dos quatro eventos do grupo havia tido uma confirmação tão grande de pessoas na internet. “A luta da população de São Paulo contra o aumento das passagens de um transporte que se diz público está cada vez maior e mais forte!”, diz o texto de apresentação do evento, na página da rede social. “Nessa quinta (dia 13), uma manifestação de 20 mil pessoas, completamente pacífica, foi recebida a bombas e balas de borracha na Consolação. Ficou claro que a violência parte sempre da polícia.”

Na sexta-feira, o comandante-geral da Polícia Militar, Benedito Roberto Meira, afirmou que vai colocar a Tropa de Choque na rua para evitar descontrole de manifestantes e vandalismo. “Não sabemos quais serão a dimensão e a magnitude da manifestação. Preciso da Tropa de Choque”, afirmou o coronel. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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