Manifestação pelo Parque Augusta interdita o Viaduto do Chá

Cerca de 100 pessoas ocupam totalmente o Viaduto do Chá, zona central de São Paulo, após a reintegração de posse do terreno conhecido como Parque Augusta na manhã desta quarta-feira, 4. Os manifestantes estão em frente à Prefeitura e esperam para falar com o prefeito Fernando Haddad.

A reintegração, iniciada às 5h30, foi concluída por volta das 9h após cerca de duas horas de negociação, quando os últimos quatro ativistas, que resistiam à reintegração, desceram de uma árvore. Em seguida, um grupo se dirigiu para a Rua Augusta na direção da Prefeitura com o objetivo de fazer uma audiência com prefeito Fernando Haddad (PT) para discutir a negociação do terreno do parque.

Policiais fizeram um corredor na Augusta e, segundo o major Luiz Augusto Âmbar, comandante da operação, cerca de 100 oficiais foram mobilizados para a reintegração de posse do Parque Augusta.

Tropa de Choque

Usando escudos, a Tropa de Choque se dirigiu para entrada do parque pela calçada da Rua Marquês de Paranaguá. “Eu estava parada perto da porta, e o Choque entrou dando porrada”, conta Isabela Alzira, que sofreu ferimentos na perna direita.

Houve um princípio de tumulto e a maior parte dos manifestantes, que já estava do lado de fora do terreno, passou a gritar: “Sem violência! Sem violência!”. Durante a varredura, a PM encontrou quatro manifestantes em cima de uma árvore, dentro do parque. Por volta das 8h, eles estavam cercados por dezenas de policiais que negociavam a saída.

Um dos quatro ativistas que resistiram em cima da árvore, Wesley Rosa, de 27 anos, disse que não saiu do Parque Augusta porque queria garantia de que poderia cuidar das 200 árvores plantadas no espaço.

“Nos queremos que os portões continuem abertos, como manda o contrato do terreno, para termos acesso ao bosque. As árvore foram plantadas em áreas áridas e vão precisa de água”, afirma Rosa. Segundo ele, a PM foi paciente durante as negociações, que duraram cerca de duas horas. “Eles foram bem pacíficos”, diz.

Acampados há 47 dias no terreno de 23,7 mil metros quadrados, entre a Rua Caio Prado e a Marquês de Paranaguá, os ativistas deixaram o local pacificamente. Ainda de madrugada, quando houve programação cultural, parte do grupo, que segundo organizadores chegou a 3 mil pessoas, já havia saído.

Por volta das 5h30, quando chegaram o oficial de Justiça e policiais militares, um grupo remanescente, de cerca de 300 pessoas, permanecia na ocupação – ou “vigília criativa”, como preferem os manifestantes. Desses, a maioria foi para a rua, onde houve protesto.

Em faixas penduradas, era possível ler: “Por um Parque Augusta 100% público, 0% prédio”. O grupo também cantou músicas de protesto, como a paródia “Funk da especulação”. “Eu vou molhar a sua mão/Vou te botar lá de patrão/Vou bancar sua eleição/Então, aprova, aprova, aprova a construção”, diz a letra.

“A maior violência que a Polícia Militar poderia cometer é essa: fechar os portões do parque”, afirmou o músico Daniel Scandurra, de 26 anos, integrante do Organismo Parque Augusta.

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