Após denúncia publicada pela revista colombiana Cambio de que a suposta presença de membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no Brasil teria chegado “às mais altas esferas do governo”, o ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos e coordenador do Plano Amazônia Sustentável (PAS), Roberto Mangabeira Unger, negou que guerrilheiros estejam em território nacional.
“Não há presença das Farc na região. As nossas Forças Armadas têm sido muito eficazes em assegurar a integridade das nossas fronteiras. Mas é verdade que a Amazônia é a nossa maior preocupação de defesa hoje”, disse, em entrevista a emissoras de rádio no estúdio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
De acordo com a agência argentina Telam, a revista colombiana Cambio divulga que dirigentes políticos, militares e membros da Justiça brasileira manteriam contato com a guerrilha. Ainda segundo informações publicadas pela revista, foram encontrados no correio eletrônico de Raúl Reyes – o número dois das Farc morto por tropas colombianas durante operação em território equatoriano – os nomes de cinco ministros, de um procurador-geral, de um assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de cinco deputados, de um conselheiro e de um juiz.
A publicação cita, entre outros nomes, o do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, do ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, da deputada distrital Érika Kokay (PT-DF) e de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, além do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, do assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia e do ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), Paulo Vannuchi.
Mangabeira Unger comentou sua visita a Manaus na quinta-feira (31) e avaliou que o Brasil, começa uma “grande discussão civil e militar” a respeito dos problemas de defesa das fronteiras. Ele destaca que o país é o “mais pacífico” entre as grandes nações do mundo, mas que é preciso “ser escudo contra as agressões, as ameaças e as tentativas” de intimidação.
Ele negou ter criticado o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) e disse apenas que, durante a visita, tentou compreender os recursos disponíveis no país.
“A defesa da Amazônia passa pelo monitoramento e pela mobilidade. Não podemos estar onipresentes em nosso vasto território e nas nossas imensas fronteiras. Uma das minhas preocupações é superar nossa dependência da tecnologia estrangeira na visualização do nosso território. Precisamos ter um canal que esteja 100% sobre nosso próprio controle.”