Manda no Brasil quem tem mais poder, diz Lula

Cavalcante

– Em discurso na cerimônia de lançamento da “Ação Kalunga”, na localidade de Cavalcante, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse aos descendentes de escravos que acabou o tempo em que eles eram segregados e afirmou que não pôs uma negra, a ministra Matilde Ribeiro, à frente da secretaria especial de Igualdade Racial “de enfeite”, e sim para melhorar a vida dos negros.

O presidente disse ainda que nunca se fez nada pelos descendentes de escravos porque o Estado brasileiro sempre esteve subordinado aos que têm mais poder de fogo e aos que conseguem audiência com as autoridades. “Sabem por quê? Porque o Estado brasileiro é um Estado que está subordinado àqueles que têm mais poder de fogo, àqueles que conseguem audiência com o presidente, com os governadores, com os prefeitos e, muitas vezes, àqueles que ganham mais em detrimento dos que ganham menos e que nunca conseguem chegar perto de uma autoridade. Nós não colocamos uma negra de ministra para ser enfeite lá em Brasília. Nós colocamos uma negra secretária, com a responsabilidade de ministra, para que ela levante, dentro do governo, os problemas com os quais vivem os negros e as negras no Brasil, para que a gente possa começar a resolvê-los, senão não os resolveremos nunca”, discursou.

O presidente, que estava acompanhado do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e da ministra Matilde Ribeiro, disse que estava ali para garantir a realização das reivindicações da comunidade kalunga, como a regularização de suas terras. “Estamos aqui para fazer as coisas que já foram faladas pelo governador, pela ministra, e para atender à tão sonhada reivindicação do nosso vereador, da regularização das terras onde vocês moram. Até porque nós não poderíamos vir aqui anunciar casas, anunciar uma série de coisas, se não tivéssemos a certeza de que iríamos dar, definitivamente, a terra para quem nela tem direito de morar e de trabalhar. Afinal de contas, o governador, eu, os ministros, nós não rasgamos dinheiro e não íamos fazer casas para que depois o povo fosse enxotado pelo dono da propriedade”, disse o presidente.

O presidente Lula permaneceu na Comunidade Kalunga por mais de duas horas. Ele visitou a escola, a quadra de futebol e acompanhou apresentações de danças típicas africanas. O presidente revelou que o momento que mais o emocionou durante a visita foi conhecer uma escola na qual uma mulher de 39 anos disse que se sentia com 14 anos, por ter a oportunidade de ler e escrever.

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