Depois de homenagear no ano passado o escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, a Mancha Verde traz neste ano a cultura pernambucana para o carnaval paulistano. As festas de São João, o bloco Galo da Madrugada, o carnaval de Olinda e o artesanato do Estado serão alguns d os símbolos do Estado que a agremiação mostrará hoje no Sambódromo do Anhembi. “O tema deste ano é uma continuação do que apresentamos no ano passado. Nós falamos do Ariano Suassuna, mas ele representa uma parte forte da cultura de Pernambuco. Nós vimos que o tema é muito mais vasto”, destaca o diretor de carnaval Paolo Bianchi.
Quinta agremiação a entrar na avenida, às 2h55, a Mancha Verde cantará o samba-enredo “Pernambuco: uma Nação Cultural” dividida em 35 alas e seis carros alegóricos, com cinco mil integrantes. O diretor de carnaval diz que a da escola da zona oeste da capital paulista não apresentará uma narrativa histórica sobre Pernambuco. “Nós exploramos a cultura local e vamos mostrar os milhares ricos aspectos que encontramos lá”, conta.
A história da cultura pernambucana será contada desde a chegada dos europeus ao Estado, com o carro abre-alas que será representado pela obra “Os Lusíadas”, de Luiz Vaz de Camões. “Fomos ao âmago da literatura de Camões e construímos um abre-alas de 30 metros, que por si só já é um destaque”, ressalta Bianchi. “A ala das baianas, que virá logo após o abre-alas, também está muito linda e representará a Coroa portuguesa.”
Com a chegada dos estrangeiros, principalmente dos holandeses e portugueses, a escola contará como o Estado começou a receber influência desses povos e como teve início a abertura política e cultural da região. O artesanato, a literatura de cordel e as artes manufaturadas também ganham destaque nas alas da escola, que fechará o desfile com o carnaval pernambucano.
“O carnaval lá é muito intenso, com diversas manifestações, e não poderíamos deixar de contar”, revela o diretor de carnaval. O destaque da escola é a madrinha e rainha da bateria, a modelo e atriz Viviane Araújo. Confira a seguir a letra do samba-enredo da Mancha Verde, feito pelos compositores Armênio Poesia, Chanel, Fred, Guga, Roberto Spezani e Doralice:
‘Pernambuco, uma Nação Cultural’
A coragem raiou no horizonte
Vem de lá na embarcação
O mar se arrebenta “em seu nome”
Batizando a sua “formação”
O cultivo desperta a cobiça
Entre Holanda e Portugal
Mauricio de Nassau, moderna capital
A história se transforma em pintura
Miscigenações, manifestações
Do folclore, da fé e da cultura
Tem frevo de bamba, no samba
Vem amor “forrozear”
Sou Pernambuco,
Em festa de São João
Eu sou a arte
E vou tocar seu coração
Hoje eu vou pintar e vou bordar minha raiz erudito popular,
Sou poeta arretado
Nesse meu país artistas d
E consagração pessoas
De grande expressão
Assim meu povo se destacou
Meu verde e branco a brilhar
Antes da quarta-feira eu vou festejar
Com devoção, meu pavilhão em primeiro lugar
É garra, é amor, respeito
É força, é vida, é emoção
Com muito orgulho que sou
E levo por onde for
A Mancha Verde no meu coração